15/03/2018 - 12:58
O ministro interino da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge, afirmou nesta quinta-feira, 15, que o governo brasileiro está aguardando a publicação das regras da sobretaxa para a importação do aço e de alumínio pelos Estados Unidos para em seguida encaminhar o recurso contra a medida a Washington.
“Estamos aguardando a publicação pelo governo norte-americano. Estamos falando ainda de anúncios, não tivemos acesso a papel publicado”, disse o ministro a jornalistas durante o Fórum Econômico Mundial na capital paulista. “É preciso ter acesso ao inteiro teor.” O prazo para o recurso começa a valer somente após a publicação das normas.
Marcos Jorge e o ministro das relações exteriores, Aloysio Nunes, devem ir novamente aos EUA para tentar entender de que forma vai funcionar o recursos. O ministro disse que o governo brasileiro já vem mantendo conversas com a Casa Branca sobre o caso e o próprio Jorge se reuniu recentemente com o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross. Além disso, a embaixada brasileira em Washington está em contato direto com técnicos do governo norte-americano, disse ele. “Estamos atuando no âmbito bilateral junto aos EUA para tentarmos no âmbito do recurso convencê-los da não aplicação para o Brasil da tarifa”, disse ele.
A decisão de Donald Trump de elevar a taxa cobrada na importação de aço para 25% e do alumínio para 10% terá impacto muito forte tanto para o Brasil como para os norte-americanos, avalia o ministro. “Há uma complementariedade no setor siderúrgico”, disse ele, destacando que 80% do aço exportado daqui para os EUA é de produto semiacabado.
Esse produto semiacabado, explicou Jorge, é usado pela própria indústria siderúrgica dos EUA para a transformação. Assim, a sobretaxa terá impacto nos preços dentro do mercado norte-americano. Ao mesmo tempo, boa parte do carvão usado na siderurgia brasileira vem do mercado norte-americano. “Somos o principal importador desse produto”, disse ele.
No caso brasileiro, a decisão de Trump pode trazer prejuízos como o desligamento de fornos das siderúrgicas e também de perda de postos de trabalho. Por ter essa relação de complementariedade, o ministro disse que o Brasil não representa riscos para a indústria dos EUA e, além disso, os norte-americanos têm superávit na balança comercial com o Brasil. “Nos últimos 10 anos, a balança comercial foi favorável para os americanos.”
O ministro disse que a estratégia inicial do Brasil será a negociação bilateral, mas o Planalto não descarta nenhuma hipótese. Ontem, o presidente Michel Temer disse que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) caso as negociações com a Casa Branca não avancem.
“Temos a convicção que pela boa relação que temos com os EUA e com o anúncio da Casa Branca de que haverá possibilidade de exclusão de países que se enquadram como na relação que o Brasil tem vamos poder retirar o País dessa situação”, afirmou Marcos Jorge.