21/03/2018 - 18:48
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto porcentual, de 6,75% para 6,50% ao ano. O corte foi o 12º consecutivo e a Selic está atualmente no nível mais baixo da série histórica, iniciada em junho de 1996. O comunicado divulgado após a decisão indica que o afrouxamento monetário deve continuar.
Com a redução de 0,25 ponto da Selic, o Banco Central deu continuidade ao processo de desaperto da política monetária, como vinha sinalizando em suas comunicações. Nesse ciclo que começou em outubro de 2016, o juro já caiu 7,75 pontos. Quando os cortes começaram, a taxa estava em 14,25%.
A decisão desta quarta-feira, 21, era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. De um total de 65 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 59 esperavam que a taxa básica de juros cairia para 6,5%, enquanto seis apostavam em manutenção no nível atual.
No comunicado que acompanhou a decisão, a instituição defende que um novo corte na próxima reunião é apropriado. “Para a próxima reunião, o Comitê vê, neste momento, como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional”. No documento, o Copom diz que “este estímulo adicional mitiga o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas”.
No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado – que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro -, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2018 de 4,2% para 3,8%. No caso de 2019, a expectativa foi de 4,2% para 4,1%. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2018 em 6,5% e 2019 em 8,0%.
Para o BC. a atividade econômica está em “recuperação consistente”, mas a inflação tem sido menor que o esperado pelo Banco Central. A avaliação consta do comunicado divulgado após o corte do juro básico da economia para 6,50%. No documento, o Copom sinalizou que um novo corte do juro deve ser anunciado na próxima reunião, em maio.
No comunicado, o BC diz que “o conjunto dos indicadores de atividade econômica mostra recuperação consistente da economia brasileira”. Apesar da reação da economia, os preços não têm aumentado como o esperado. “O cenário básico para a inflação evoluiu de forma mais benigna que o esperado neste início de ano”, cita o documento.
O Copom ressalta que a trajetória dos preços “permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis baixos”. Esse comportamento positivo dos preços ocorre, destaca o BC, inclusive “nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”.
Sobre o cenário externo, o comunicado do BC diz que o ambiente tem se mostrado favorável. O argumento do BC é que a atividade econômica cresce globalmente. “Isso tem contribuído, até o momento, para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes”, cita o documento.
Fatores de risco
O Copom ressaltou no comunicado que o cenário econômico continua oferecendo “fatores de risco em ambas as direções” para a política monetária brasileira.
No comunicado, o Banco Central cita como primeiro risco a possibilidade de propagação, por mecanismos inerciais, “do nível baixo de inflação”. Esse fenômeno poderia resultar em trajetória da inflação abaixo do esperado.
Outro risco mencionado é a frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira. Sem mencionar a retirada da reforma da Previdência da pauta do Congresso, o BC diz que essa frustração “pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”.
Os dois riscos internos poderiam ser intensificados em caso de confirmação do terceiro risco mencionado. Para o BC, a outra possibilidade a ser monitorada é a chance de reversão do “corrente cenário externo favorável para economias emergentes”.
Segundo o BC, a redução do juro básico da economia em 0,25 ponto porcentual, para 6,50%, é um movimento “compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária”.
No comunicado, o Banco Central diz que o horizonte relevante para a política monetária inclui o ano de 2018 e com “peso gradualmente crescente” também o ano de 2019.