O revezamento quadrienal de poder entre a ítalo-argentina Ternium e a japonesa Nippon Steel no comando da Usiminas foi anunciado em 8 de fevereiro deste ano. Mas o acordo não selou totalmente a paz entre os sócios da siderúrgica mineira. As divergências práticas continuam azedando o clima nos bastidores. Os japoneses estão incomodados com o crescimento das despesas gerais e administrativas da gestão do presidente Sergio Leite, indicado pelos argentinos. Desde que Leite assumiu o comando da Usiminas, em 24 de março de 2017, os gastos não referentes às operações e vendas da empresa subiram de R$ 93,1 milhões para R$ 108,5 milhões, de acordo com dados do último trimestre de 2017. Esse aumento de 16,5%, em pouco mais de nove meses, incomodou a Nippon, que está preocupada com a amortização de dívidas da Usiminas, atualmente em R$ 5,7 bilhões. A siderúrgica está negociando com bancos credores nacionais e japoneses, após quase ir à recuperação judicial com a crise econômica.

Imagem é tudo

Para os japoneses, a empresa deveria dar um sinal de austeridade para o mercado neste momento complexo, agravado ainda mais pelo clima de instabilidade que a caneta protecionista de Donald Trump impôs sobre o comércio mundial de aço. Procurada, a Usiminas afirmou, em nota, que suas despesas gerais e administrativas são decrescentes em relação à sua receita líquida, “o que é a medida mais apropriada para indicar a eficiência da gestão dos recursos de uma organização”. A companhia ressaltou que essa relação caiu de 4,3%, em 2015, para 3,8%, no ano passado. A empresa destacou que suas despesas estão no patamar compatível com as indústrias de aço instaladas no Brasil e acrescentou que a negociação com bancos, credores nacionais e japoneses foi concluída em setembro de 2016. Desde então, promoveu três amortizações sobre o valor original da dívida.

(Nota publicada na Edição 1062 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Moacir Drska e Rodrigo Caetano)