O som (dois bips breves e consecutivos) tornou-se a marca registrada da Nextel ? a associação entre os dois é imediata. Para muitos é incômodo, mas talvez esse seja o único traço de exclusividade que sobrou à Nextel. Ao longo dos últimos anos, todos os diferenciais entre ela e seus concorrentes foram desaparecendo. Por exemplo: a companhia dominava um sistema que unia as tecnologias de comunicação por rádio e por celular. Pois, hoje, as operadoras também já oferecem serviços semelhantes. Outra: a Nextel tinha forte penetração no mundo corporativo.

Agora, Vivo e Telemar, entre outras, possuem estruturas exclusivas para trabalhar com esse mercado. Resultado: atualmente a empresa enfrenta uma desvantagem na escala. Sua carteira soma um milhão de clientes, contra 35 milhões da Vivo, por exemplo. Seu faturamento bate na casa dos US$ 527 milhões, contra cerca de US$ 5,5 bilhões da mesma Vivo.

O desafio da Nextel agora é justamente se livrar dessas amarras, criadas pelo seu próprio modelo de negócios. O escolhido para a tarefa foi Sergio Chaia, que desembarcou cinco opções de pacotes básicos, cujos valores vão de R$ 80 a R$ 200. Outros serviços, como ligações interurbanas e localizador, são cobrados à parte. ?No verso de nossos crachás estão impressos os planos de minutos da empresa. Se eles não cabem nesse espaço, não servem para os clientes?, afirma Chaia. Além disso, a empresa atua no pedaço mais atraente do mercado, o corporativo, responsável pela movimentação de R$ 25 bilhões por ano. ?Ela está bem posicionada nessa área?, ressalta Tude.

Há outras amarras das quais a Nextel precisava se livrar. Uma é a cobertura geográfica restrita. ?Implantamos o sinal nas principais rodovias que ligam a São Paulo e queremos fazer isso em outros lugares?, conta. Outra: segundo a regulana presidência da companhia em janeiro deste ano, depois de comandar a subsidiária brasileira da Sodehxo. Seu primeiro alvo é conquistar as pequenas e médias companhias, incluindo aí as chamadas ?empresas de uma só pessoa?.

Chaia também mira nos profissionais liberais. ?Esse público quer receber a mesma atenção que as grandes corporações?, explica ele. O lado mais visível dessa mudança aparece em peças publicitárias protagonizadas pelo Pimentel, um ator que representa um assessor comercial da empresa. Até um blog ele lançou. O personagem caiu no gosto do público ? há quem escreva para ele perguntando quanto tempo trabalha na Nextel. ?O assessor é o nosso único canal de vendas. Nada melhor do que popularizá-lo?, explica Mário Carotti, diretor de marketing da Nextel.

A empresa pode aproveitar trunfos que já possui. Segundo Eduardo Tude, presidente da Teleco, empresa de análise em telecomunicações, o sistema da Nextel tem o apelo de ser barato e simples de operar. A companhia oferece apenas cinco regulamentação do setor, sua tecnologia só pode ser oferecida para empresas, nunca para pessoas físicas. Por isso, gente que conhece a empresa afirma que os famosos radinhos da Nextel limitam sua aceitação. ?Hoje, os executivos usam os mais modernos aparelhos celulares?, diz um desses críticos. ?Por que carregaria um rádio sem recursos tecnológicos, identificado com seguranças de shopping centers??, pergunta ele, com certa dose de ironia. Não é por outro motivo que a Nextel começa a apostar em equipamentos e serviços mais avançados.

Um dos últimos modelos adotados pela operadora é o Blackberry i880, fabricado pela Motorola. Nele o usuário pode, além de usar o radinho, acessar outros aplicativos oferecidos pelos celulares mais avançados, como emails, arquivos e mensagens instantâneas.

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS QUEREM O MESMO TRATAMENTO QUE AS GRANDES CORPORAÇÕES RECEBEM

SERGIO CHAIA, presidente da Nextel no Brasil