O Índice de Liquidez (IL) do Sistema Financeiro Nacional (SFN) passou de 2,19 em junho de 2017 para 2,38 em dezembro, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta terça-feira, 17, pelo Banco Central. No fim de 2016, o IL estava em 2,36.

Esse indicador é usado para avaliar a capacidade de pagamento de instituições financeiras em relação a suas obrigações. Ele representa a relação entre os ativos mais líquidos do sistema bancário e a honra de seus compromissos em um prazo de 30 dias. Quanto maior o número, mais confortável é a situação de liquidez dos bancos.

De acordo com o documento, as instituições bancárias vêm mantendo colchões de liquidez suficientes para suportar cenários de estresse. “No segundo semestre de 2017, houve aumento real dos ativos líquidos, beneficiado pela valorização do valor de mercado dos títulos, dado o cenário de queda nas taxas de juros futuras no período, e ainda pela liberação de ativos que estavam bloqueados como garantias”, pontuou o BC no REF. “Além disso, a leve melhora na composição do funding e a estabilidade nas exposições a risco de mercado fizeram com que os desembolsos projetados de caixa em um cenário de estresse ficassem nominalmente estáveis no período.”

Já o Índice de Liquidez Estrutural (ILE) passou de 1,11 em junho do ano passado para 1,12 em dezembro. No fim de 2016, ele estava em 1,07. O desejável é ter um índice perto ou acima de 1, já que esse termômetro serve para verificar quanto as instituições possuem de recursos estáveis em seus passivos para fazer frente a um ativo de mais longo prazo, seja ele crédito, investimento ou participação societária, entre outros.

No REF divulgado nesta terça, o Banco Central informou que a estrutura de liquidez em um horizonte de longo prazo manteve-se estável no segundo semestre de 2017. “Do lado dos passivos, a recuperação da poupança e o aumento da capitalização do sistema reforçam as captações consideradas estáveis e indicam uma tendência de melhoria no nível do risco de liquidez também para um horizonte acima de trinta dias”, registrou o BC. “O efeito do aumento dos recursos estáveis compensou o alongamento do prazo residual dos estoques de crédito no segundo semestre de 2017, em linha com o ritmo de retomada do crédito no período.”

IHH

O REF divulgado pelo Banco Central mostra que o Índice de Herfindahl-Hirschman (IHH), utilizado para monitoramento sistemático dos níveis de concentração do segmento bancário no Sistema Financeiro Nacional (SFN), recuou em dois dos três fatores analisados no segundo semestre de 2017.

Em relação a ativos totais, o IHH passou de 1.452 em junho para 1.445 em dezembro. Em operações de crédito, permaneceu em 1.741 no período e, no caso de depósitos totais, passou de 1.638 em junho para 1.624 em dezembro.

O Banco Central considera mercados que registram valores para o IHH situados entre 0 e 1.000 como de “baixa concentração”. Entre 1.000 e 1.800, ocorre “moderada concentração”. E acima de 1.800 o mercado é de “elevada concentração”.

Índice de Basileia

O Índice de Basileia do SFN atingiu 18,1% em dezembro de 2017, ante uma taxa de 17,4% verificada em junho do ano passado, conforme REF do Banco Central. No fim de 2016, a taxa estava em 17,2%.

O nível mínimo regulatório é de 11%.

O Índice de Basileia é um conceito internacional definido pelo Comitê de Basileia que recomenda uma relação mínima entre o Capital Base (Patrimônio de Referência – PR) e os riscos ponderados. O porcentual significa que, para cada R$ 100,00 que um banco empresta, é preciso ter R$ 11,00, levando-se em consideração o nível mínimo regulatório.

Já o Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) do sistema bancário atingiu 13,8% ao ano em dezembro de 2017, ante taxa de 12,5% vista em junho do ano passado. No fim de 2016, estava em 11,4%.

De acordo com o BC, “a melhora do ambiente econômico após o período de recessão permitiu a redução das despesas de provisões para crédito de difícil liquidação (PCLD), com efeitos positivos para margem de juros líquida”.

“Não obstante, a conjunção dos efeitos de provável desaceleração do ciclo de redução da PCLD e de aumento gradual de pressão sobre as margens de juros, compensados por potencial redução das despesas administrativas e retomada gradual do crescimento de crédito, traz perspectiva de arrefecimento do movimento de recuperação da rentabilidade em 2018”, acrescentou o BC no REF, ao avaliar a rentabilidade das instituições financeiras.