10/05/2018 - 7:43
Empresário da área de construção civil, novato na política, pouco conhecido até dos próprios colegas da Câmara e eleito com forte votação na zona oeste do Rio, um tradicional reduto das milícias. Esse é o vereador Marcello Siciliano, de 45 anos – acusado por uma testemunha de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). Ele nega.
Siciliano foi eleito com 13.553 votos, a maioria proveniente da Barra da Tijuca e de Santa Cruz, zona oeste. Nega que a Favela Cidade de Deus, citada no depoimento da testemunha como área de interesse do parlamentar, seja seu reduto eleitoral.
No site da Câmara, um vídeo apresenta Siciliano. Ele conta, sem disfarçar o orgulho, que teria sido indicado ao Nobel da Paz em 2010 por suas ações sociais em Vargem Grande e Vargem Pequena, zona oeste, onde mora há mais de 20 anos. No vídeo, se apresenta como “pai de família, com cinco filhos e três netos”. Atuou no ramo da construção civil, chegando a ser dono de uma empresa. “Faço política para ajudar as pessoas, não preciso disso para viver.”
Em 8 de abril, um líder comunitário e colaborador do gabinete do vereador foi morto na zona oeste. Segundo assessores de Siciliano disseram à época, Carlos Alexandre Pereira levava os problemas da região ao vereador. Ele teria sido morto por envolvimento com milícias.
Dois dias depois, outro assassinato na zona oeste, do PM reformado Anderson Cláudio da Silva, chamou a atenção da polícia, que começou a investigar se haveria guerra entre milicianos da região por disputa de território. Chegou-se a especular que os dois estariam envolvidos no assassinato de Marielle e teriam sido mortos como queima de arquivo. Não há acusação oficial – pelo menos que tenha se tornado pública – que envolva Siciliano com milícias.
Miliciano
Já o ex-PM Orlando de Araújo, de 44 anos, está detido em Bangu 9 – e, segundo a testemunha, foi de lá que ordenou a morte de Marielle. Ele ingressou na PM em maio de 1996, aos 22 anos. Foi expulso um ano e cinco meses depois, por indisciplina.
A polícia o identifica como chefe de uma milícia que achaca moradores e comerciantes e monopoliza o comércio de gás e internet na zona oeste. É apontado ainda como o mandante da morte de Wagner de Souza, presidente da escola de samba União do Parque Curicica, em 2015. O carro da vítima foi alvo de mais de dez disparos.
O ex-PM teve prisão decretada pela Justiça durante a investigação desse crime, mas ficou foragido até 2017. Também é processado por porte ilegal de arma e associação criminosa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.