O CLIENTE ESTACIONA O carro em frente a um casarão, de 1959, tombado pelo patrimônio histórico, no coração da avenida Brasil, um dos endereços mais nobres da capital paulista. Logo na recepção, uma bela recepcionista leva-o para o elevador panorâmico. Enquanto sobe, é possível observar um jardim de inverno com luz natural. O elevador pára, as portas se abrem e a sensação é a de que se está em um spa. Salas privativas com músicas relaxantes e telas de LCD de 37 polegadas compõem o cenário. Poucos funcionários vestidos de branco circulam no lugar. A idéia é preservar a privacidade dos clientes. Isso porque, ao contrário do que se pensa, o local não é um spa. Trata-se de uma clínica médica de exames do Centro de Diagnósticos Brasil (CDB), inaugurada no dia 2 de junho. “Investimos mais de R$ 3,5 milhões no projeto”, declara Roberto Kalil, diretor do CDB. “Atenderemos, no máximo, 150 pessoas por dia”, garante o executivo. Essas e outras estratégias de marketing começam a ganhar espaço na medicina. Muito mais do que oferecer profissionais e equipamentos de ponta, elas estão ganhando toques de sofisticação. Nesse bolo, encontram-se empresas como o Ateliê Oral e o grupo Diagnósticos da América (Dasa). Todas, é claro, sem deixar a saúde do cliente de lado.

 

No caso da nova unidade do CBD, só na sala de ressonância magnética foi investido mais de US$ 1,5 milhão em tecnologia. Para aliviar a tensão do paciente durante o exame, o local foi decorado com a técnica Visual Terapy. Trata-se de um painel que, por meio de milhares de micro leds, dá uma sensação de realidade virtual na imagem e ajuda a relaxar. “Tudo foi pensado nos mínimos detalhes”, destaca Kalil. Aliás, não poderia ser diferente. O público que o CDB pretende atrair são pacientes particulares e clientes de convênios de saúde sofisticados, como Lincx, Omint, entre outros. Em busca do mesmo público, a clínica dentária Ateliê Oral, em São Paulo, se mudou, no ano passado, para o antigo endereço da Daslu, no bairro da Vila Nova Conceição. “O negócio deu certo. Nossa média de atendimento diário tem sido de 40 consultas”, comemora Marcelo Kyrillos, um dos sócios no projeto. Em um terreno de mil metros quadrados, o local possui conexão de internet sem fio em todos os lugares, ambientes privativos com televisores de plasma, 12 salas de atendimento, cafeteria e um espaço para massagem. Sofisticação justificada pelo preço. Um tratamento dentário no Ateliê Oral não sai por menos de R$ 5 mil.

“A diferença que o cliente procura está exatamente no serviço”, analisa Claudia Rezende, sócia da Superavit Consulting, consultoria especializada em planos de saúde de luxo.

De olho nisso, o grupo Diagnósticos da América (Dasa) introduziu o projeto batizado de Clube DA em 18 unidades do laboratório Delboni Auriemo, em São Paulo, e em duas unidades do laboratório Lâmina, no Rio de Janeiro. São áreas privativas que variam de 120 metros quadrados a 200 metros quadrados e atendem cerca de 30 a 40 pessoas por dia. Lá, além de um cardápio sofisticado para o desjejum, com sanduíches, salada de frutas e suco natural, o cliente é recepcionado por atendentes bilíngües, não pega fila, têm os seus exames com horários marcados e, enquanto espera ser atendido, pode usufruir de acesso a internet e telas de 42 polegadas. “O investimento em cada projeto varia entre R$ 2 milhões e R$ 7 milhões”, conta Daniel Coudry, gestor de negócios do Delboni Auriemo e do Clube DA. “No próximo semestre, vamos inaugurar mais uma unidade nesse mesmo estilo em São Paulo”, adianta Coudry.