05/07/2018 - 18:51
O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) reagiu irritado à Operação Registro Espúrio da Polícia Federal que o associou a um suposto esquema de fraudes de registros sindicais. “Estou sendo enxovalhado por causa de uma safadeza”, afirmou. Em entrevista no Palácio do Planalto no final da tarde desta quinta-feira, 5, Marun leu uma nota para relatar que “nunca” pisou no Ministério do Trabalho, mas admitiu que mandou, num procedimento de “rotina”, uma assessora acompanhar sindicalistas de Mato Grosso do Sul numa visita à pasta.
Um dos principais conselheiros políticos do presidente Michel Temer, Marun chegou a desmontar, durante a entrevista, a base usada para aparar os microfones das emissoras de rádio e televisão. “Eu vou apresentar uma queixa crime contra esse vazamento pusilânime, canalha e vagabundo que me faz passar por esse constrangimento e deixou minha família sofrendo. Meu pai, de 87 anos, acaba de sair do hospital, e minha, está com 86”, disse, exaltado. “Se alguém fez isso pensando que ia me assustar, se enganou redondamente”, disse Marun. “É uma conspiração asquerosa contra governo e o presidente Temer.”
Ele sugeriu que o presidente Michel Temer deve escolher ainda na noite desta quinta o substituto do ministro do Trabalho, Helton Yomura, indicado pelo PTB, que foi afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “Não vejo choque no afastamento. Mas não é mais possível que o ministro continue nas suas funções.”
Marun disse que todo o procedimento de mandar a assessora ao Ministério do Trabalho foi “rotina”. Pelo relato de Marun, sindicalistas o procuraram para pedir apoio a demandas de suas instituições. “Solicitei a uma assessora que acompanhasse esses sindicalistas ao Ministério do Trabalho para que fosse verificada possibilidade ou não às reivindicações apresentadas, uma coisa de rotina que faço diariamente em relação a várias questões”, disse. “Agora, um ato de rotina é usado de forma nefasta no sentido de denegrir minha honra e de meus familiares.”
Marun disse que, na próxima segunda-feira, levará à corregedoria da PF uma representação contra o “vazamento” de seu nome nas investigações. Depois, pediu água aos assessores. Então, aproveitou os holofotes para pedir aos “companheiros” do Congresso que analisassem uma lei contra “abuso de autoridades”. Ele disse que a inclusão de seu nome na operação da PF foi uma retaliação de alguns setores, sem explicitar quais. “Quando me dispus a protestar contra abusos praticados por setores das instituições que deveriam zelar pela legalidade, eu sabia que poderia ser vítima de retaliações, só não sabia que viriam de forma tão covarde”, afirmou. Questionado se fazia referência aos agentes federais, ele não negou: “Não, até porque o Judiciário, diante do absurdo, não deu guarida a essa sanha vingativa.” A PF pediu autorização para fazer buscas e apreensões em endereços de Marun, mas o ministro Edison Fachin, do STF, não permitiu.
Na conversa com os jornalistas, Marun disse que, numa conversa com o deputado Jovair Arantes, líder da bancada do PTB na Câmara, ficou acertado que o partido aceitará “qualquer” decisão que o presidente Michel Temer tomará na escolha do novo ministro do Trabalho. A relação do governo com o PTB permanece inalterada. “Jamais vamos generalizar em relação ao todo do partido eventuais atitudes ilícitas que tenham sido praticadas por algum de seus membros”, disse Marun.