02/06/2022 - 9:15
Não está fácil ser brasileiro nos dias de hoje. Violência desenfreada, corrupção institucionalizada, inflação e desemprego de dois dígitos. Mas, diriam os pessimistas, ainda pode ficar pior. E ficou. Novo estudo do Instituto Trata Brasil revelou que volume de água correspondente a 7,8 mil piscinas olímpicas ou a sete vezes o volume do Sistema Cantareira – maior conjunto de reservatórios para abastecimento do estado de São Paulo — de água tratada são desperdiçadas diariamente. A causa? Ineficiência na distribuição da água potável pelas cidades, segundo o estudo.
Enquanto os dirigentes de empresas de saneamento, com evidente leniência do Estado, jogam água pelo ralo, mais de 35 milhões de brasileiros não conseguem acesso suficiente nem para lavar as mãos. Como responsáveis pelas tarefas do lar, as mulheres sofrem especialmente com a falta do recurso. Entre 2016 e 2019, a população feminina prejudicada pela falta de água tratada passou de 15,2 milhões para 15,8 milhões e a ausência do serviço regular afeta 24,7 milhões. As regiões mais críticas são a Norte (40,7% da população) e Nordeste (19,8% da população).
Os números mostram uma total e absoluta discrepância da promessa feita pelo governo federal no Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). De acordo com o texto aprovado, a meta do Estado é promover a universalização dos serviços até 2033, garantindo que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e coleta de esgoto. Ainda falta uma década de prazo, o que torna possível pensar que ainda há alguma esperança para o problema.