04/02/2009 - 8:00
FRAGA: “Previdência tem que ser pensada como parte da estratégia de investimentos”
QUANDO VOCÊ IMAGINAria a possibilidade de receber um telefonema ou a visita de um executivo vendendo um fundo da Gávea Investimentos? Sim, agora isso é possível. O novo ano começa com uma brisa diferente na janela do sétimo andar da sede da gestora no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. E não se trata da procura por novos investidores para recompor as perdas com os resgates de quase R$ 500 milhões com a crise econômica internacional. Os principais fundos da gestora, que tem R$ 11 bilhões na carteira, continuam fechados para novos cotistas, embora Armínio Fraga, expresidente do Banco Central e sócio da Gávea, tenha assegurado para a DINHEIRO que há uma possibilidade de abrir um novo fundo ainda neste primeiro semestre. Quem está movimentando o escritório é a recém-criada Gávea Previdência. A nova investida de Fraga busca pessoas interessadas em colocar os seus dividendos futuros nas mãos do economista que por seis anos foi diretor do Soros Fund Management, do megainvestidor George Soros.
A Gávea Investimentos nunca precisou se esforçar comercialmente para vender os seus fundos de ações e multimercados. Mas essa nova área transformou a maneira como a gestora vai buscar seus investidores. Uma delas é a parceria com a Unibanco Seguros, que fica responsável pela distribuição. “A previdência tem um canal de distribuição diferente”, afirma Fraga. As vendas são parecidas com o porta-aporta que algumas empresas de cosméticos fazem. O responsável por esse contato direto com o cliente é Daniel Fuks, que tinha uma gestora independente, especializada nesse mercado, com Mauro Molchansky, ex-executivo da Globopar. Fuks é o responsável direto pela entrada da Gávea na previdência. No começo do ano passado ele vendeu a ideia para os sócios. “Ele nos convenceu a ir fundo no tema”, diz Fraga. Com a experiência de cinco anos no negócio, Fuks tem a missão de gastar a sola do sapato para convencer aqueles com R$ 100 mil a participar de um dos dois fundos de previdência, que ficará sob o guarda-chuva de Marcelo Stallone, responsável pela área de gestão de patrimônio. Embora as captações tenham começado em janeiro, desde dezembro as boas-vindas são dadas para os clientes da casa. E a estratégia já tem dado resultado. Em menos de um mês, a carteira de previdência ultrapassou os R$ 22 milhões.
FUKS: “Queremos dar impulso aos fundos de previdência multiestratégia no Brasil”
Os dois fundos de previdência têm como diferencial utilizar a estratégia multimercado da Gávea. “A previdência tem que ser pensada como parte da estratégia de investimentos”, afirma Fraga. Pelo regulamento, até 30% da estratégia do Gávea Brasil, o fundo máster da casa, pode ser utilizada na previdência. Essa limitação é uma obrigatoriedade porque fundos de previdência complementar não podem expor seu patrimônio com operações de risco elevado, com estratégias long and short. Mesmo assim, o investidor precisa ficar atento aos riscos de se programar o futuro com uma gestora independente considerada agressiva. No ano passado, o fundo Gávea Brasil perdeu 1,37%. A meta dos fundos de previdência é render próximo ao CDI. “Poucos no mercado com as características dos nossos fundos conseguem ganhar do CDI”, afirma Fuks.
O cliente pode optar por fundos com e sem renda variável nos planos VGBL ou PGBL. A dosagem de agressividade é balanceada pelo próprio investidor ao longo do tempo. É ele quem determina qual a porcentagem da sua carteira que ficará exposta ao risco e qual ficará mais conservadora, sem precisar arcar com o custo do imposto por essa movimentação entre fundos. Outra vantagem é a ausência de taxa de carregamento, o desconto de 0,5% a 7,5% no valor da aplicação inicial que a maioria dos bancos fazem quando se compra um produto desse. “A taxa de carregamento é quase uma inflação do seu dinheiro. Você já começa no fundo com menos dinheiro do que o seu capital principal”, diz Fuks. Com esses multimercados de previdência, a Gávea quer ocupar um espaço pouco explorado no mercado brasileiro pelas gestoras independentes: aproveitar o seu conhecimento e estratégia para agregar valor a fundos previdenciários mais agressivos. Além da Gávea, a GAP Asset e o Credit Suisse Hedging Griffo possuem esse produto na carteira. “Queremos dar impulso aos fundos de previdência multiestratégia no Brasil”, diz Fuks.