Quem incensa o seu papel e sua força são os personagens de sempre: economistas e alarmistas de mercado que, entra dia, sai dia, correm a lançar prognósticos de uma nova crise no horizonte almejando o lucro com consultorias sobre as alternativas contra o mal. Esses senhores dizem que a inflação no Brasil está fugindo do controle. Manejam dados e misturam informações pontuais sobre preços das commodities para respaldar suas teses de laboratório. Não vivem sem a ideia de criar marolas. 

 

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Ok, o preço dos grãos subiu barbaramente. Aqui e no mundo. É uma remarcação de expectativas global. E em quase toda a cadeia de alimentos ela vem se verificando. Mas não se trata da habitual especulação no campo, com agricultores e pecuaristas usando de artimanhas para faturar mais. 

 

Não há criadores pilhados em flagrante enquanto escondem boi no pasto – como ocorreu no passado – nem produtores estocando suas safras nos armazéns para turbinar o valor. Desta vez é diferente. A ciranda de aumentos se dá mesmo é no mercado financeiro, que vem apostando alto nesses itens para faturar com repasses de papéis depois. 

 

O número de contratos de compra de commodities nas bolsas de futuro se multiplicou. Acreditam os catastrofistas que está se formando uma espécie de especulação em onda, como a dos derivativos que quase mataram o setor imobiliário norte-americano e europeu. É um evidente exagero. 

 

Os negócios nessa área não se processam no mesmo modelo nem com a mesma envergadura de financiamentos de longo prazo que podem ser repassados. Não há a pirâmide artificial de mercadorias prestes a virar pó. 

 

A agropecuária, ao menos no Brasil, segue em alta. E toda essa agitação em torno dela vem rendendo gordos dividendos aos fornecedores nacionais. Por tabela incrementa os resultados da balança. 

 

A inflação nisso tudo é mais passageira e tende a recuar na medida em que o mercado vai se acomodando.  No radar da economia do Brasil o que existe mesmo – e os números demonstram – é o aumento consistente da renda, da quantidade de empregos formais, do consumo, da produção. O resto é crise fabricada que vira vento.