03/02/2023 - 0:15
Na terça-feira (31), a varejista Americanas divulgou fato relevante afirmando que avalia pedir a aprovação na Justiça de financiamento na modalidade debtor-in-possession (DIP) no valor mínimo de R$ 1 bilhão. O dinheiro será necessário para o fluxo de caixa da empresa, corroído desde a revelação no começo do ano de fraude contábil de R$ 20 bilhões que camuflou uma dívida que totaliza R$ 43 bilhões. “Se efetivado, o financiamento não deverá ter garantias, permitirá a participação de credores e deverá ter remuneração equivalente ao custo médio de financiamento da companhia antes do pedido de Recuperação Judicial (cerca de 128% do CDI).” Ou seja, credores podem entrar na ajuda para resgatar o dinheiro que é devido a eles. “A companhia vem discutindo com seus acionistas de referência a possibilidade de eles subscreverem até a totalidade do valor mínimo.” Assim, o trio 3G (Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto da Veiga Sicupira), os maiores bilionários do Brasil — que até o fim de 2021 eram os controladores da varejista e hoje detêm 31% — colocariam nesse crowdfunding pelo menos R$ 1 bilhão. Logo após a bomba Americanas explodir, no dia 13 de janeiro bancos (os maiores credores) e a empresa discutiam se o aporte dos acionistas deveria ser de R$ 6 bilhões, com as instituições credoras querendo pelo menos R$ 10 bilhões. Jogo de cena e mera traquinagem da companhia no mercado. Agora, na aritmética da Americanas menos R$ 20 bi = menos R$ 43 bi que acrescentado de +R$ 1 bi = tudo bem. Resultado final? Demissões. Os cortes de terceirizados começaram na terça-feira (31). São cerca de 45 mil empregados diretos e 60 mil indiretos.
EUROPA 1
Greves e protestos na Inglaterra…
Países desacostumados a crises econômicas recentes começam a ter problemas cada vez mais complexos para resolver. Na quarta-feira (1), a Inglaterra viveu um dia de paralisações, em especial no ensino — mas não só. Além de professores, o movimento reuniu funcionários do transporte e de variados serviços públicos. Estima-se que meio milhão de pessoas cruzaram os braços, na maior greve no país desde 2011. Protestam por aumento de salários numa economia cuja inflação anual passou dos dois dígitos (10,5% em dezembro). O primeiro-ministro Rishi Sunak pediu aos políticos trabalhistas que condenassem as greves. Pesquisa da Association of School and College Leaders, que representa os diretores, constatou que em 97% das unidades havia professores em greve — e em 9% eles paralisaram totalmente as aulas. O calendário grevista previsto para fevereiro inclui ainda trabalhadores da saúde, dos serviços postais e de outros serviços públicos.
EUROPA 2
…e na França
Manifestações contra o presidente francês Emmanuel Macron já tiveram alguns rounds em janeiro e devem continuar em fevereiro, com protestos e greves reunindo 2,5 milhões de pessoas, segundo os sindicatos, ou 1,2 milhão, segundo o governo. O ponto de ataque é a proposta de Macron de elevar de 62 anos para 64 o limite mínimo de aposentadoria para que a pessoa receba o benefício integral no país.
PREÇOS
Europa: inflação recua, mas não o bastante
Boa notícia, mas não tanto. A inflação na zona do euro caiu pelo terceiro mês consecutivo em janeiro devido a uma redução significativa nos custos de energia. O índice (em projeções preliminares divulgadas na quarta-feira, 1) será de 8,5% no mês, contra 9,2% de dezembro. O preço da energia continua elevado (17,2% em janeiro), mas sua queda vem acentuada (era de 25,5% em dezembro). O núcleo da inflação, que exclui energia e alimentação, ficou em 5,2%, em linha com o mês anterior. E isso deve fazer com que juros não cedam. “O ponto principal é que o núcleo da inflação permaneceu inalterado em um recorde de 5,2%, de modo que o BCE continuará muito agressivo”, disse Jack Allen-Reynolds, economista sênior da Capital Economics para a Europa à americana CNBC.
5,2% Crescimento do PIB chinês para 2023 previsto pelo FMI em informe divulgado na segunda-feira (30). O índice está 0,8 ponto acima da última projeção, de outubro de 2022
COMEÇA O JOGO
O Lego de Lula
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- Oficialmente, Bolsonaro abriu a Bolsa do Impeachment ao dizer que Lula não dura muito.
Uma equação complexa começou a girar na quarta-feira (1) e ela pode ser resumida na foto dos deputados (abaixo) se metendo na eleição do Senado contra o nome de Pacheco, com gente carregando já no primeiro minuto do novo governo um “Fora, Lula” (OK, escrito sem vírgula: mas querer que um político de direita no Brasil saiba o que é vocativo seria demais). Lula precisa equalizar seu ego para o novo Lego político. O passo 1 é saber que ele está longe de ser querido — apesar de sua claque fanática. Não são apenas os 50 milhões de brasileiros que nas urnas o rejeitaram. Haverá uma oposição voraz e sem disposição a apoio em troca de dinheiro (aka: emendas), com 99 deputados somente no PL, além de um ex/derrotado que jamais vai sossegar enquanto não vir o atual presidente tombado. “Em pouco tempo teremos notícias. Esse governo Lula não vai durar muito tempo”, afirmou o ex-ressentido-fujão na terça-feira (31), num evento em Orlando (EUA).
RECADO DA MPB AOS CONGRESSISTAS BRASILEIROS
“O que há algum tempo era novo/ Hoje é antigo/ E precisamos todos rejuvenescer” Composição de Belchior(1946-2017), cantada por Elis Regina(1945-1982).
VAREJO DIGITAL
E-commerce: saiba quais são as tendências para o Brasil
Yan Di é diretor da Spark, agência de marketing de influência, e por dois anos (2020-2022) foi o principal executivo da Ali Express no Brasil. O chinês é dos maiores conhecedores do mundo de comércio digital. Na terça-feira (31), ele postou em seu LinkedIn uma obrigatória análise de tendências sobre o e-commerce. Segue um resumo dos tópicos em cinco pontos principais:
1. O mercado do e-commerce brasileiro será dominado por três players chineses: Shopee (ou pode ser a Temu, de que você ainda vai ouvir bastante), TikTok Shop e Shein (que se pronuncia she-in, “ela na moda”).
2. Os três pilares principais do e-commerce são: produto, preço e experiência (logística, marketing etc).
3. O Brasil é um mercado extremamente sensível ao preço, como também é o mercado da China, e o mais importante para o e-commerce é ter um controle sobre a fonte dos produtos (no caso, chineses).
4. O maior e mais maduro mercado de e-commerce do mundo é a China, com volume total de US$ 2,28 trilhões, quase três vezes o mercado dos EUA.
5. Novos entrantes: um rival mais forte que o Shopee é a Temu (atualmente apenas testando nos EUA). E TikTok Shop, que vai chegar ao Brasil no primeiro semestre de 2023. Trata-se de um bicho completamente diferente: é atualmente a primeira plataforma no mercado brasileiro que lançará o live commerce de ciclo fechado: todas as compras e pagamentos ocorrerão na live, sem a necessidade de pular para links externos.
