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GAUDÊNCIO, DA CISCO, EM SUA CASA: mais qualidade de vida e produtividade


Desde que PCs, internet e telefones celulares passaram a ser tão corriqueiros no mundo corporativo quanto o paletó e a gravata, uma idéia tomou conta dos gestores de pessoal: por que os funcionários ou parte deles não trabalham em casa? A empresa reduz seus custos e os trabalhadores ganham qualidade de vida. A tecnologia cuidaria de mantê-los permanentemente em contato, trocando informações, fazendo negócios ou desenvolvendo projetos. Parece óbvio, mas a pesquisa ?O espaço e o tempo no trabalho ? um estudo com homens que trabalham em casa? ?, desenvolvida por Milena Puma, aluna do MBA do Coppead, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostra que, se alguns cuidados não forem tomados, o efeito será o oposto do esperado. A primeira regra é avaliar o perfil do candidato a trabalhar em casa. ?Ele deve ser maduro profissionalmente e organizado?, afirma Milena.

Milena realizou entrevistas extensas com 15 profissionais que adotaram o home office. Nessas conversas, apareceram as principais vantagens desse modelo: flexibilidade de tempo, além da redução de custos com transporte e de tempo no trânsito. Mais: a convivência com a família aumenta. ?O trabalho deixa de ser o regulador da vida humana?, diz Milena. Esses benefícios, porém, só aparecem se o executivo delinear uma clara distinção entre a vida doméstica e o trabalho. O mais importante, revela o estudo, é fazer com que a família também aceite essa diferença. Afinal, sem uma disciplina rígida, o profissional pode se tornar ?pau-para-toda-obra? na rotina do lar. Comprinhas no supermercado, conserto de um vazamento, troca de uma lâmpada ? sempre há uma tarefa para o homem que não saiu para trabalhar. ?É necessário ter um espaço fixo dentro de casa para o trabalho. Nunca trabalhar em cima da cama ou na mesa da cozinha?, diz Lysandro Trotta, consultor de empresas que trabalha em sua própria casa.

As empresas também podem extrair dividendos dessa prática. ?Observamos que, com a melhoria da qualidade de vida dos funcionários, a produtividade também aumentou?, afirma Maurício Gaudêncio, gerente de produto da Cisco, fornecedora de infra-estrutura para redes de telecomunicações. A companhia implantou o modelo em 2000 e obteve uma boa economia com ele. ?Se fosse necessário acomodar todos os funcionários, precisaríamos de quatro andares de um prédio, equivalente a 120 mil reais mensais só de aluguel. Com esse valor investimos em mais tecnologia para a empresa, como banda larga e laptops?, afirma Gaudêncio. Hoje, o espaço ocupado é de dois andares e meio. O próprio Gaudêncio se beneficia dessa oportunidade. ?O mais importante é consciência profissional para que não se destrua uma boa idéia, como o trabalho em casa?, diz ele.

O EXECUTIVO DEVE RESERVAR UM ESPAÇO FIXO PARA TRABALHAR DENTRO DE CASA