vr.jpg

 

Grupo VR passou dois anos em hibernação. Após vender a administração dos vales-refeição e alimentação para a francesa Sodexo em outubro de 2007, por R$ 1 bilhão, a empresa da família Szajman saiu dos holofotes e foi estudar onde estariam as oportunidades para voltar à cena. Com uma marca forte sob seus domínios e uma companhia de processamento de informações, a SmartNet, que não entraram na negociação de venda para os franceses, a oportunidade finalmente apareceu. O valecultura, programa de incentivo que seguirá os moldes do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), com benefícios fiscais às empresas que derem incentivo cultural aos funcionários, encabeça a lista de estreias do governo para 2010. Para aproveitar essa deixa, a VR já está com seu texto pronto: quer ser uma espécie de Visa ou MasterCard do mundo dos vales-benefício.

Novos vales para livros , ingressos e shows irão movimentar R$ 7 bilhões por ano no Brasil, aposta o governo

O projeto é ambicioso. A VR seria a bandeira que ditaria os padrões da transação do vale-cultura. Assim, faria a ponte entre quem concede o ingresso e quem o utiliza. A SmartNet, dona das maquininhas que aceitam os vales-refeição, assumiria a função de credenciadora dos estabelecimentos culturais, como circos, livrarias, casas de shows, cinema e outros, numa atividade semelhante à da Cielo e da Redecard. A iniciativa demonstra visão de futuro de Cláudio Szajman, presidente da VR. “Ele é extremamente criativo e sabe ler o jogo com dois ou três lances na frente dos concorrentes”, diz Boanerges Ramos Freire, consultor especializado no setor. Ao contrário do modelo das administradoras de cartões de crédito, a VR não vai se envolver com o financiamento dos clientes. “Não teremos nada a ver com o crédito, apenas com o que for ligado aos valesbenefício”, diz Szajman.

Segundo o Ministério da Cultura, o vale movimentará R$ 7 bilhões no mercado de livros, peças teatrais, espetáculos e filmes. A empresa da família Szajman calcula que 25% desse volume financeiro circulará pelas suas maquininhas, gerando receitas a cada transação. Para atingir esse montante, a VR está em busca de usuários. A Ticket, por exemplo, que hoje utiliza as maquininhas da Redecard para seus vales-refeição, já aceitou conversar. Um teste piloto foi realizado em São Paulo em agosto do ano passado. Dois mil cartões da VR foram utilizados como entrada em shows, cinema e teatro pelo público selecionado pela empresa. Agora, a novidade é um chip que pode ser grudado na carteira ou no telefone celular do usuário. Basta aproximá-lo da maquininha da VR. “Em vez de crédito, teremos diferentes tipos de acesso, como um cartão ou uma pulseira com um chip dentro”, diz Cid Antão, presidente da SmartNet.