Na quarta-feira 16, a francesa L?Oréal, uma gigante do setor de cosméticos, com faturamento de US$ 28 bilhões, anunciou que uma de suas empresas, a britânica The Body Shop, está assumindo o controle da Empório Body Store, de Porto Alegre, que pertencia à Ligna, do empresário Helio Seibel. O valor da transação não foi divulgado. Inicialmente, os franceses terão 51% de participação, mas a fatia pode chegar a 80% até 2019. A intenção do conglomerado é usar a operação brasileira para introduzir por aqui a marca The Body Shop, uma das precursoras da sustentabilidade no setor de cosméticos e inspiradora de companhias como a Natura. Com isso, a L?Oréal entra de vez no varejo brasileiro e passa a concorrer, diretamente, com empresas como O Boticário, que lançou recentemente uma loja multimarcas, The Beauty Box, e L?Occitane. O setor de produtos de beleza movimentou, no ano passado, R$ 34 bilhões no País, segundo a consultoria Euromonitor. O Brasil é o terceiro maior mercado mundial, atrás de Estados Unidos e Japão. 

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Beleza pura: o empresário Tobias Chanan criou a Empório em 2001, após conhecer um

hippie que vendia sabonetes nas ruas de Los Angeles

 

 

O bom desempenho desse segmento vem atraindo mais competidores estrangeiros, como a também francesa Sephora, que abriu sua primeira loja no País em 2012. Criada em 1976, na cidade de Littlehampton, na Inglaterra, pela empresária Anita Roddick, a The Body Shop desde o início ganhou a simpatia dos ecologistas por suas práticas incomuns. A companhia não faz testes com animais e utiliza insumos naturais em seus produtos. Suas linhas de cosméticos e sabonetes são inspiradas na natureza. Atualmente, a marca possui 2.800 lojas em 63 países. A maioria das lojas opera no modelo de franquia. 

 

 

 

A Empório Body Store segue a mesma linha de atuação. ?As duas empresas são muito parecidas?, afirma Tobias Chanan, fundador e CEO da empresa brasileira. Com a aquisição, a marca Empório será substituída pela The Body Shop, gradualmente. Hoje a Empório concentra a fabricação dos seus produtos em Porto Alegre. Apenas 3% da produção é terceirizada. Em comunicado, a L?Oréal afirmou que o objetivo é ter nas lojas uma combinação de produtos importados e produzidos localmente. Seu centro de pesquisas, que está sendo construído no Rio de Janeiro, com previsão de inauguração em 2015, será utilizado para desenvolver cosméticos exclusivos para o Brasil.

 

 

 

Chanan, que hoje detém uma participação minoritária, é a alma da Empório, que criou em 2001, após uma viagem à Califórnia, na costa leste dos Estados Unidos. Dono de uma loja de cosméticos importados semifalida, em Porto Alegre, ele encontrou um hippie que vendia sabonetes nas ruas de Melrose, região famosa por suas lojas de luxo em Los Angeles. O diferencial do produto é que eles eram moldados no formato de rostos de celebridades, como Elvis Presley. ?Cada barra custava US$ 16 e eu queria comprar várias?, afirma o empreendedor. ?Esse hippie conseguiu transformar um simples sabonete em um produto com uma carga emocional.? 

 

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Banho de varejo: a The Body Shop possui 2,8 mil lojas como essa de Londres.

A empresa foi pioneira na fabricação sustentável de cosméticos

 

De volta ao Brasil, Chanan investiu em um fogão quatro bocas e passou a fabricar os próprios sabonetes. Em pouco tempo, abandonou os produtos importados e criou sua própria marca de cosméticos, a Empório Body Store, que deve fechar 2013 com 130 lojas em 58 cidades do Brasil e um faturamento superior a R$ 20 milhões. Em 2011, Chanan vendeu 65% da empresa para um grupo de investidores, liderado por Seibel, que tem participação em empresas como Duratex, Leroy Merlin e Leo Madeiras. Na época, o plano dos empresários era transformar a pequena fabricante nacional em uma marca global. Ainda que sem utilizar a própria marca, o objetivo foi alcançado. ?As duas empresas são muito parecidas?, afirma Chanan. ?Nossos valores são os mesmos e isso pesou na hora de decidir pela venda.? 

 

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