Saiu daquela zona de conforto em que ficou por anos – bancada pela farra dos gastos públicos, pela liberalidade nos financiamentos imobiliários, pela insensatez do prejuízo bancário estatizado. 

 

Os problemas de sempre! E mais uma vez os quebrados oferecem a fatura aos demais países. A ideia de que mercados globais estão condenados a viver, inexoravelmente, na gangorra da instabilidade econômica faz a alegria dos alarmistas de plantão. 

 

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São eles que vendem a mensagem de fim do mundo a cada bola da vez que aparece, temporada a temporada, para forçar a volatilidade. Lucram com a perda alheia. Recolhem as sobras e partem para outra. As praças derreteram com os EUA. Depois com a Espanha, a Grécia e, após essa Irlanda, viria pela frente  Portugal.

  

Evidentemente que todos os surtos foram contidos pelo inefável poder de mobilização da banca. Mais uma vez, logo que o rastilho do risco sistêmico se espalhou, os senhores do capital já falaram em nova ajuda-monstro de e 100 bilhões à Irlanda. 

 

O problema maior dessas ondas de crise localizada com efeitos difusos é o imobilismo preventivo. Ele toma conta dos mais variados setores produtivos como se, pela mais remota ameaça de contágio global, a melhor saída fosse a do recolhimento de planos. 

 

Um erro elementar, que já se mostrou na prática. Por esse caminho muitos fazem a trajetória da profecia autorrealizável. Mergulham no bloco dos prejudicados e depois apresentam dificuldades para sair dele. 

 

O Brasil, que segue a todo vapor, não pode cair na esparrela dos vasos comunicantes da crise irlandesa – muito embora a bolsa, num primeiro momento, ao longo da semana passada, acusasse o golpe. Em apertos passados, como no do tsunami americano, o parque industrial interno deu uma lição aos seus pares.

 

Ignorou em parte que tinha que cair nas trevas e avançou ao desengavetar investimentos. A economia nacional passou assim quase ilesa em meio aos estouros financeiros. Deve seguir no mesmo rumo se quiser manter o prumo.