02/06/2004 - 7:00
Os naturalistas bons de copo estão mais felizes e menos sóbrios. Fabricantes brasileiros de cachaça nunca estiveram tão próximos da natureza. Centenas de milhares de litros de aguardente estão saindo mensalmente dos alambiques sem uma única fração dos agrotóxicos utilizados no cultivo da cana-de-açúcar. A cachaça orgânica obedece ao mesmo processo de fabricação dos alimentos da agricultura politicamente correta, em que os defensivos agrícolas são os grandes vilões. Dentro do mercado nacional de 1,3 bilhão de litros anuais, a aguardente orgânica representa menos de 1%, mas seu valor está sendo reconhecido por quem não quer agredir a natureza e compradores de países desenvolvidos, principalmente
na Europa. ?É uma bebida de alto valor agregado para exportação?, afirma
Paulo Galvão, gerente do Instituto Biodinâmico, entidade certificadora de
agricultura orgânica no País.
Essa cachaça ainda está sendo produzida em pequenas propriedades no Sudeste, em especial Minas Gerais, e no Nordeste. É o caso do engenho São Pedro, no interior de Pernambuco. Do alambique local saem 2 mil litros mensais que vão para restaurantes em São Paulo e no exterior. ?Vamos aumentar a produção para 5 mil litros mês porque a demanda não pára de crescer?, afirma Pedro Oliveira, fabricante da cachaça Triumpho. Ele também lançou um licor de aguardente orgânico. A exceção nesse mercado é a cearense Ypioca, uma das maiores fabricantes de aguardente do Brasil. A companhia estuda a viabilidade desse mercado para os próximos anos.
O MERCADO
? 1,3 bilhão de litros anuais é a produção de cachaça no País
? 30 mil é o número de fabricantes hoje no Brasil
? Fatia: O mercado orgânico é 1% do total