Nem só de Grécia vivem os pessimistas do mercado financeiro. A Espanha também tem contribuído para aumentar a volatilidade das bolsas e enfraquecer o euro. O foco de preocupação é o sistema bancário. Na semana passada, quatro instituições de poupança ? Caja Mediterraneo, Cajastur, Caja Cantabria e Caja Extremadura ? apresentaram ao Banco da Espanha um plano de fusão de suas operações.
 

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O quarteto deverá formar uma das cinco maiores instituições financeiras espanholas, com E 135 bilhões em ativos e 2,3 mil agências. A pressa em concretizar a união ocorreu depois de o governo ter intervido no Cajasur, de Córdoba, no domingo 23. Bancos regionais desse tipo são responsáveis por 48% do total de empréstimos no país e também surfaram na bolha imobiliária anterior à crise de 2008.

O Cajasur, com carteira de crédito de E 13 bilhões, tentou uma união com o concorrente Unicaja, mas não conseguiu fechar negócio e teve de ser socorrido pelo Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária, criado com E 99 bilhões para salvar instituições em situação de perigo. A meta do BC espanhol é diminuir de 45 para 15 o número de instituições regionais com menos de E 50 bilhões em ativos ainda este ano.

Elas estão mais expostas ao setor imobiliário, atividade que impulsionou a economia espanhola até que a crise estourasse nos Estados Unidos e se espalhasse pelo planeta. Há quem diga que a reação dos mercados é exagerada. ?O risco imobiliário existe, mas não é o que está fazendo a confiança cair?, avalia Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco. ?Não haverá quebradeira de bancos pela Europa, mas pequenos ajustes ao longo do tempo.?

A Espanha precisa correr contra o tempo. Assim como a Grécia, ela faz parte de um grupo de risco, países como Portugal, Irlanda, Itália e Reino Unido, cujas finanças públicas beiram o colapso e exigiram profundos cortes de gastos. O ajuste fiscal ambicioso do governo de José Luiz Zapatero, com cortes de E 15 bilhões no orçamento, foi bem recebido pelo presidente do Santander, Emilio Botín. ?São medidas concretas e quantificáveis e caminham na direção correta para alcançar o objetivo prioritário de reduzir o déficit público?, afirmou.

 

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