18/11/2009 - 8:00
Um vestido de tricô colorido com jeitão hippie virou produto de luxo no fim dos anos 60. Foi quando a Missoni, marca italiana fundada em 1953 pelo casal rosita e Ottavio Missoni, começou a produzir os trajes relativamente simples com estampas inspiradas na op art (abreviação em inglês para arte óptica) e em desenhos africanos.
Dali em diante, a marca deixaria de ser uma pequena grife para se tornar um ícone da moda usada por astros como Tom Hanks e Drew Barrymore e modelos como Kate Moss e Gisele Bündchen. Rapidamente converteu-se em um ímã do luxo que hoje vende modas feminina e masculina, objetos para casa, possui 40 lojas ao redor do mundo e, só no ano passado, faturou 81 milhões de euros.
Se depender dos próximos passos da marca, esse número será incrementado no final de novembro. É que a grife, já presente nas butiques paulistanas Daslu e NK Store, vai abrir a sua primeira flagship (loja com todos os produtos da marca) no Brasil.
Será uma loja de 164 metros quadrados, no shopping Iguatemi, em São Paulo. Some-se a isso o fato de que a marca estuda abrir um hotel de luxo na Ilha de Cajaíba, no litoral baiano, em 2012. As lojas serão agora administradas pelo grupo brasileiro MMR Labels, que conquistou a gestão da marca no País.
O hotel, por sua vez, é um projeto comandado pelo grupo Rezidor, dono da bandeira Radisson. O projeto da loja é tão importante para a grife que os italianos Vittorio Missoni, filho dos fundadores e atualmente um dos proprietários da marca, e sua sobrinha Margherita estarão presentes na inauguração.
Quem entrar na loja encontrará os mesmos produtos mostrados nas vitrines das lojas europeias e americanas – apesar de aqui ser verão quando lá é inverno. A ideia é atrair o público que viaja pelo mundo e que já compra peças da marca em outros países. O preço, porém, será até 35% superior ao internacional devido aos custos de importação. Por aqui, uma saída de praia custará R$ 2,7 mil e vestidos de noite sairão por 12 mil.
Outra meta do grupo é aumentar a presença da Missoni dentro de butiques nacionais fora de São Paulo, conseguindo, assim, entrar em outras cidades importantes como Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, entre outras. Mais do que grandes negócios no mercado brasileiro de luxo, a entrada da Missoni com novos investimentos chamou a atenção pela escolha do grupo que comandará as suas operações no País.
O homem à frente do MMR Labels é o empresário Vicente Mello, ex- CEO da holding Identidade Moda ( I’ M), fundada em 2006 e que pretendia formar o maior conglomerado de marcas de moda do Brasil. Uma experiência, é verdade, que foi mal sucedida e que resultou no pedido de falência da Zoomp, a lendária grife que pertenceu ao estilista Renato Kherlakian.
Apesar dos percalços, Mello não desistiu do mundo da moda. Tanto é que a ideia do empresário é representar outras grifes além da Missoni. Para isso, criou a MMR Labels e associou-se aos investidores Roberto Jorge e Rodrigo Martinez. A representação da Missoni, conquistada por meio da indicação do amigo Edson D’Aguano, da consultoria de empresas Consultive, é apenas o primeiro passo.
“Vamos trazer outras grifes de luxo”, diz um Vicente Mello confiante. Independentemente disso, a Missoni quer aproveitar o bom momento do mercado brasileiro. Um estudo realizado pela consultoria A.T. Kearney aponta o Brasil como o mais atraente para varejistas dentre 30 mercados emergentes incluindo a China. “É uma marca associada ao design e encontra um grande público consumidor. Tem tudo para dar certo no País”, aponta Andréia Miron, professora do curso de moda da faculdade Santa Marcelina