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Criatividade é a palavra mais repetida pelos gestores de fundos de investimento. Após o desgaste dos multimercados com a fuga bilionária de recursos em 2008, um chacoalhão tomou conta do mercado. A busca por inovação é o tema principal nas equipes de gestão.

DINHEIRO apurou que muitas gestoras de ativos estão com planos de lançar fundos com estratégias diferenciadas ou com novos índices de referência para fugir dos tradicionais CDI e Ibovespa. Muitos estão prontos, com o prospecto na gaveta, esperando as incertezas sobre o fôlego dos investidores se dissiparem de vez. Ninguém quer se arriscar sem ter capital suficiente para engordar o patrimônio.

Mas se o investidor vasculhar as novidades, encontrará fundos atrelados aos índices da Andima, IMA e IRF-M, que comparam o mercado de renda fixa e de juros futuros, respectivamente, e novidades em arbitragem com moedas estrangeiras e crédito privado. A cartola das gestoras já está fazendo mágica. O fundo mais ousado é o da Legg Mason.

A gestora criou um fundo de ações que descarta qualquer índice de referência. A busca é o retorno absoluto. A característica é semelhante ao dos fundos de hedge americanos, que informam a rentabilidade acumulada desde a sua criação. Voltado para investidores qualificados e com aplicação mínima de R$ 100 mil, o Legg Mason Long Term Ações se aproxima das características de um private equity: será fechado, com um prazo máximo de cinco anos e sem a possibilidade de resgate. “Um saque pode obrigar o gestor a vender uma ação e desfazer a estratégia. Essa é uma maneira de proteger todos os cotistas”, afirma Paulo Clini, superintendente de investimentos da Legg Mason.

A procura é por papéis que possam se valorizar entre 200% e 300%. “A crise foi um evento único que criou essas oportunidades únicas”, diz Clini. Serão no máximo 10 empresas na carteira. A maior parte delas é de ações de segunda linha, com pouca liquidez. Existem 18 pré-selecionadas de setores diversos como metalurgia, varejo, transporte e construção. Os únicos que ficaram de fora são o de telecomunicações e o de energia elétrica. A captação vai até 19 de junho ou até R$ 350 milhões. A crise internacional foi o que estimulou o BNP Paribas a criar um multimercado diferenciado.

Lançado em março do ano passado, o BNP Paribas Global faz arbitragem com moedas estrangeiras a partir do Brasil. A busca é por países emergentes sensíveis a desvalorizações de suas moedas, como foi o caso da lira turca. O fundo depende dos solavancos da economia mundial. Por isso, neste momento a carteira está concentrada em títulos públicos, os ativos que mais perderam espaço neste ano. Os fundos de renda fixa e DI estão indo além das mudanças nas taxas de administração. São nessas categorias que se concentram o maior número de novidades (veja quadro).

Os gestores aproveitam o crescimento da oferta de crédito privado para lançar novos fundos. “A maior evolução neste ano é na renda fixa e no DI com os títulos privados”, diz Luiz Sorge, diretor do BNP Paribas Asset Management. É o caso dos depósitos a prazo com garantia especial, que permitiram aos bancos de menor porte encontrar uma nova fonte de financiamento ao trazer o selo do Fundo Garantidor de Crédito para um montante de até R$ 20 milhões por instituição.

Essa regulamentação fez o BNP Paribas e o BB montarem fundos com carteiras exclusivas. “Esses ativos estão pagando prêmios melhores que o CDB”, afirma Carlos Takahashi, gerente de distribuição e produtos da BB Gestão de Recursos, que lançou quatro fundos para captar R$ 200 milhões. O investidor deve ter cuidados redobrados na hora de analisar esses fundos. Os prospectos devem ser lidos exaustivamente e as dúvidas devem ser esclarecidas antes de qualquer adesão.

Como alguns deles têm índices de referência pouco conhecidos, é importante saber de que maneira o investimento vai se converter em rentabilidade no longo prazo. Esse é um ponto que, cada vez mais, os investidores precisam exigir. “Quem pensa no longo prazo tem que começar a se preocupar com o juro real para proteger a carteira”, diz Gustavo Murgel, sócio da Fram Capital.

 

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