IMAGINE COMPRAR UM IMÓvel de R$ 1,5 milhão de olhos vendados. Você pode não gostar de piscina, mas terá uma; pode detestar vinho, mas ostentará uma adega; pode odiar ofurô, mas terá de aceitá-lo no seu jardim. Por mais estranho que pareça, essa é a aposta da Spazio K, empresa da construtora Kauffman, no mercado imobiliário. Ao lado da decoradora Bya Barros, a empresa acaba de lançar o projeto Casas Decoradas. O cliente cede o terreno que já possui ou pede para a construtora encontrar um que seja na região de sua preferência, escolhe entre quatro tipos de plantas fechadas e recebe a casa, que varia de 150 m2 a 380 m2, em até um ano. Detalhe: ela vem toda decorada e o cliente só pode mudar o projeto depois da entrega. “São projetos fechados. Se quiser mudar algo, tem que ser após a entrega da casa. A idéia é ter tudo novo”, diz Bya. Cabem ao proprietário apenas algumas decisões como o tipo de fachada, as cores dos sofás e das paredes e o tipo de piso. Para todo o resto ele é informado semanalmente através de fotos disponibilizadas na internet. “A maior vantagem é a previsibilidade de tempo e de preço. E também pode ser a solução ideal para condomínios e casas na praia”, explica Vicente Todaro, diretorexecutivo da Kauffmann. Se a entrega da casa atrasar, a construtora se compromete a pagar uma multa diária.

A vantagem de buscar um projeto como esse, dizem os executivos, é que a Kauffmann possui convênio com mais de 30 fornecedores, entre lojas de construção, de decoração e de tecnologia. Isso pode proporcionar um desconto de cerca de 40% nas compras. Assim o preço das casas decoradas, excluindo o terreno, varia de R$ 500 mil a R$ 1,5 milhão, com possibilidade de financiamento em até 25 anos. Há, porém, quem veja obstáculos nesse processo. “Não sei se isso vai funcionar”, diz Romeu Chap Chap, presidente do conselho consultivo do Secovi. “É muito difícil manter vários canteiros de obras para projetos pequenos. Os custos acabam ficando altos demais.” Outro ponto negativo do projeto é a forma de venda amarrada. “O comprador evita dores de cabeça, mas por outro lado ficará atrelado a um estilo específico de decoração, ou mesmo a uma determinada marca, o que, no final, poderá se mostrar desvantajoso”, opina Giuseppe Giamundo Neto, advogado especializado em direito imobiliário.