Quem não conhece o álcool Zulu? A marca paulista, lançada em 1948, é uma das mais tradicionais do País e o maior patrimônio da Companhia Nacional de Álcool (CNA). Mas quase foi também o seu maior algoz. Por 50 anos, a CNA fabricou somente o álcool Zulu para uso doméstico ? nada mais. Quando, em 2002, o governo proibiu a comercialização do álcool líquido, a empresa se viu em um beco que parecia sem saída. ?Foi quase uma tragédia?, reconhece o diretor executivo da companhia, José da Silva Júnior. Contudo, o abismo se tornou uma oportunidade. A CNA notou que devia diminuir a dependência do álcool se quisesse sobreviver, e assim surgiram removedores, álcool perfumado, etc. Agora, em seu vôo mais ousado, ela estréia no segmento de higiene pessoal. A empresa caba de lançar o Ever Soft, um gel para limpeza de mãos, o primeiro de uma série.

Parece pouco, mas é praticamente uma nova vida para a empresa. Ela se descobriu capaz de produzir artigos mais rentáveis. ?Em um mercado no qual o valor dos produtos que vendemos tem que ser o mais baixo possível, lançar o Ever Soft foi uma grande jogada?, diz Gustavo Dalla Vecchia, gerente de vendas e marketing. O gel de limpeza e o álcool têm sistema produtivo mais ou menos idêntico, com uma única mas importante diferença: o frasco de 60 ml do gel custa o mesmo que um litro de Zulu: R$ 4.

Para promover o produto, que a empresa pretende vender a restaurantes, lojas de artigos para bebê, de material de escritório, supermercados e farmácias, foi feito um filme publicitário para cinema, a fim de atingir ?um público mais descolado?. A fabricante do Zulu vai pela primeira vez à mídia de massa.

O valor do investimento em propaganda é secreto. ?Somos uma empresa familiar e preferimos não divulgar valores?, diz Silva Júnior. Ele também não diz o quanto gastou com a aquisição da marca e da fábrica de álcool para consumo doméstico da Cooperalcool, de Piracicaba (SP). A planta, de 70 mil m², é crucial para a diversificação que a empresa vem realizando. Segundo Dalla Vecchia, a Coperalcool, que pertencia à Coopersucar, disputava com a CNA a liderança do mercado de álcool para limpeza. Com a aquisição, fechada em setembro, a fabricante do Zulu agora é a número um, com 30% das vendas nacionais.

Além dos lançamentos e da aquisição, este ano a CNA fechou um outro bom negócio: uma parceria com a divisão de inseticidas da Bayer. A companhia agora é responsável pela distribuição dos produtos da empresa gigante alemã. ?Como temos uma ótima penetração ? quase todos os supermercados do País vendem nossos itens ? a Bayer pega carona para distribuir seus produtos?, diz Dalla Vecchia.