A economia chinesa está rodando em outro patamar de crescimento. O PIB de lá ficou em “meros” 7,5% no segundo trimestre e, apesar de ser considerado o menor índice já registrado em quase três décadas, não representa uma notícia de toda má para o Brasil. Os chineses estão experimentando uma redução no seu ritmo de expansão por um motivo estrutural que pode beneficiar empresas daqui. A segunda maior economia do mundo revê por esses dias o modelo de desenvolvimento. Até então ele era baseado em exportações e agora parece estar sendo substituído por um modelo cuja base será o consumo privado. Sua população ainda está entre as que menos consomem no mundo. Para efeito de comparação, os gastos das famílias brasileiras equivalem a 62% do PIB. 

 

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Em economias avançadas como a dos EUA e a de países europeus, o número gira em torno de 75% do Produto Interno Bruto. Na China, a proporção é de apenas 35%. Ou seja: há muito a se avançar nesse sentido. Pela primeira vez na história chinesa, a quantidade de habitantes nas metrópoles superou a população rural. E essa turma está comprando mais carros, apartamentos, telefones, bens duráveis em geral. É nessa brecha que surge uma oportunidade de ouro para a mudança da pauta de exportações brasileiras para aquele mercado – até então concentrada fundamentalmente em commodities agrícolas como a soja e matérias-primas como o minério de ferro. 87,7% das mercadorias comercializadas com aquele parceiro correspondem a insumos básicos. 

 

A Câmara de Comércio Brasil-China acredita que existem boas possibilidades de encomendas nos segmentos de biotecnologia, cosméticos, fármacos e combustível, para citar apenas algumas das necessidades imediatas dessa nova massa de compradores do Oriente. Ao incrementar sua balança comercial nesse corredor com produtos de maior valor agregado, o Brasil não apenas poderá lucrar mais como até reverter o superávit historicamente favorável ao parceiro. O tigre chinês, que teve um avanço avassalador por quase todo o planeta com uma oferta de itens os mais variados, a preços incomparáveis, daqui para a frente estará mais atento a sua própria demanda interna, dando espaço para novos competidores. E essa chance ninguém deve perder.