19/02/2009 - 7:00
O BANCO CENTRAL REGUlamentou a primeira lei do sistema de consórcios do País. Parece incrível, mas nos últimos anos essa modalidade de crédito funcionou sem a transparência e a segurança que uma legislação teoricamente pode dar. E foi justamente essa falta de regulamentação que limitou os grupos a poucos produtos, basicamente a imóveis e automóveis, motos e caminhões. As novas regras fizeram importantes concessões: toda espécie de maquinário pode ser comprado com uma carta de crédito de um grupo de bens móveis. A lei passou a permitir ainda que o cliente use o crédito para quitar um financiamento habitacional já em curso, se não quiser comprar uma casa nova com a carta de crédito. Além disso, um leque de possibilidades se abriu nos ramos da saúde, educação, lazer, turismo e tantos outros que se encaixarem no segmento de serviços – como a contratação de um pintor, a reforma de um piano ou uma cirurgia plástica. Desde que seja usado para financiar um sonho de forma planejada, e não para emergências, o consórcio tem seu lugar ao sol garantido. “Um amigo músico sugeriu um consórcio para pessoas que querem gravar um CD. Isso é perfeitamente possível dentro do grupo de serviços”, conta Rodolfo Montosa, presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios.
A tendência é de que as administradoras se dediquem a seus nichos e públicos-alvo. Mas as novidades só devem chegar no segundo semestre. “Neste momento, estamos fazendo uma pesquisa para conhecer as demandas e delimitar os produtos”, diz Antônio Limone, diretor da Caixa Consórcio. “Para a cirurgia plástica, estou em contato com o Conselho Federal de Medicina e com a SBCP, porque não queremos polêmica.” Quarta maior administradora de consórcio do Brasil, a Rodobens se especializou em consórcios de automóveis e caminhões e promete aproveitar a nova legislação para aperfeiçoar o que já tem. “Não vamos operar com saúde, vamos aproveitar para fazer consórcios de blindagem de veículos”, afirma o diretor-executivo, Sebastião Cirelli. Já o gerente da Porto Seguro Consórcios, Fábio Braga explica que está analisando o mercado, mas haverá a possibilidade de se usar a carta de crédito para viagens, pacotes com hotéis e passagens aéreas e até para uma festa de casamento. “Qualquer casamento simples custa R$ 40 mil. Esse é um mercado pujante”, diz Braga.
O CONSORCIADO TEM A VANTAGEM DE NÃO PAGAR JUROS COMO EM OUTROS FINANCIAMENTOS
A principal vantagem do consórcio, segundo as administradoras, é a ausência de juros. Em vez de pagar 12% mais TR ao ano em um financiamento habitacional ou 37,56% no financiamento médio de veículos, conforme levantamento do Banco Central, quem optar por um consórcio pagará cerca de 15% de taxa de administração, diluída pelo prazo do consórcio. Não é pouco, mas é viável. “É claro que ele pode poupar, mas um estudo do IBGE mostra que há 21 milhões de contas de poupança inativas. É difícil poupar. O consórcio é uma alternativa a essa dificuldade”, diz o diretor comercial da Remaza, Ricardo Jacques.