21/02/2014 - 21:00
Saiu finalmente a conta da contribuição da nova classe média brasileira – aquela que, na última década, ascendeu ao mercado de consumo, como uma avalanche de quase 110 milhões de cidadãos. Uma pesquisa do Serasa Experian mostrou que o pelotão formado por essa turma, que se convencionou chamar de classe “C”, estaria no grupo das 20 maiores nações no consumo mundial, caso fosse classificado como um país. Somente esse recorte “C” dos compradores nacionais – assim classificados aqueles que ganham entre R$ 320 e R$ 1.120 por mês – ocupou a significativa 18ª posição no ranking. Juntos, os milhares de neocompradores movimentam quase R$ 1,2 trilhão ao ano.
Isso é mais do que consome a população inteira de uma Holanda ou uma Suíça, para ficar em exemplos do Primeiro Mundo. Não por menos, tal massa de compradores se converteu na locomotiva da economia brasileira e em alvo preferido das empresas. Com mais crédito e programas sociais, em especial o Bolsa Família, os emergentes daqui saíram às lojas e estão gradativamente se tornando mais e mais criteriosos em suas aquisições. Já priorizam marca e não apenas preço. Buscam avanços tecnológicos dos produtos, além de durabilidade. Estão interessados em experimentar o que há de novo. Tamanha revolução social trouxe, por consequência, uma readaptação da produção e dos serviços para atender aos anseios desse público do qual se conhecia pouco ou quase nada.
Hoje, na prática, o equivalente a 26% do Produto Interno Bruto (PIB) foi injetado no mercado pela classe média emergente. Ela é ainda responsável por 58% da movimentação de crédito financeiro e tem um perfil predominantemente jovem. Os números de suas compras, apurados pelo instituto da Serasa Experian, são surpreendentes: pelas projeções, deverão comprar cerca de 6,7 milhões de televisores, outros 4,5 milhões de tablets, mais de 4,8 milhões de geladeiras, 3 milhões de carros e realizar perto de 8,5 milhões de viagens nacionais e 3,2 milhões de internacionais ao longo do ano. Por isso tudo a classe C está sendo encarada como a banda boa da economia brasileira. Aquela onde a palavra crise ainda não chegou.