A produção agrícola brasileira, que não para de bater recordes e deve superar a casa dos 312 milhões de toneladas de grãos ainda este ano, vem despertando o interesse de vários fabricantes globais. É o caso da produtora alemã de máquinas e implementos Horsch, que investiu R$ 350 milhões para inaugurar, na sexta-feira (14), uma fábrica em Curitiba. O objetivo é produzir semeadoras e pulverizadoras para o mercado nacional e a América Latina.

Em 2014, a empresa trouxe a primeira máquina para o Brasil e a partir de 2016 começou a fabricar em uma área locada. Mas a força do mercado levou a alemã a abrir sua própria unidade em 2023, no maior investimento feito pela empresa em uma única fábrica em tão curto espaço de tempo, segundo o presidente da operação brasileira, Rodrigo Duck. “Queremos mostrar que viemos para ficar e a meta é ampliar a produção, expandindo a área de atuação para outros países da América Latina”, disse.

R$ 350 milhões é o valor do investimento na nova fábrica brasileira

Anteriormente, a companhia só produzia plantadeiras e agora poderá produzir outros equipamentos de manejo de solo como pulverizadores e semeadeiras. De acordo com o executivo, o Brasil é um mercado estratégico para a Horsch por ser um dos principais produtores agrícolas do mundo e contar com uma grande extensão territorial com diversas culturas. “O País tem uma forte tradição agrícola e os produtores vêm investindo em tecnologia para aumentar a produtividade e eficiência”, afirmou.

A consolidação no Brasil faz parte do plano maior da Horsch de expansão da atuação em mercados emergentes e aumento da presença global. Fundada por uma família de agricultores na Alemanha, em 1984, a empresa conta com unidades fabris na Alemanha, Rússia e Estados Unidos, além de pontos de apoio em outras regiões como Ucrânia, França, Reino Unido e China. Atualmente, emprega 3 mil funcionários, fatura 473 milhões de euros e é reconhecida pela alta inovação. “Queremos oferecer nossa tecnologia para um grupo maior de produtores rurais no mundo”, disse o CEO global, Philipp Horsch, em entrevista coletiva durante a inauguração na última semana.

A nova unidade terá 35 mil m2, gerando mais de 300 empregos diretos e outros 1 mil indiretos. Para o CEO, investir no Brasil faz sentido já que o País se alinha com o DNA da marca. “Nós viemos da produção agrícola em grandes áreas de agricultura e do plantio direto”, disse Horsch. O executivo explicou ainda que era importante achar o momento certo para instalação da unidade, por isso, a relativa demora.

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“O Brasil é um mercado estratégico para nós, por ser um dos principais produtores agrícolas do mundo” Rodrigo Duck, CEO da Horsch no Brasil.

O terreno adquirido no Paraná é de 400 hectares. Nessa primeira fase, a área fabril conta com 25 mil m2 cobertos e mais 10 mil m2 de outras estruturas. Em alguns anos devem acontecer novas ampliações, que devem tornar a fábrica a maior do grupo em todo o mundo. Assim, no futuro a planta brasileira também poderá atender, além da América Latina, parte da África e demandas pontuais de outros países, incluindo os europeus.

O crescimento de produção será gradativo, de acordo com a expansão da rede de concessionários e preparo dos times de pós-vendas. Hoje a empresa atua em 48% da área de soja e milho do Brasil através de dez grupos de concessionários e mais de 25 lojas. Na área de atuação existem coordenadores, gerentes regionais e técnicos atuando próximo do cliente, segundo Duck.

MERCADO Os números de vendas de máquinas agrícolas só confirmam os motivos do interesse dos alemães pelo mercado nacional. Entre tratores e colheitadeiras, as vendas subiram 19,4% em 2022, chegando a 67,4 mil unidades, conforme balanço da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), associação que reúne as concessionárias. Só em dezembro foram entregues mais de 6 mil máquinas aos produtores rurais, aumento de 17% sobre novembro e 5,6% acima do volume registrado no mesmo mês do ano anterior. E ao que tudo indica o bom momento do agronegócio nacional, baseado nos altos preços das commodities como soja e milho e seguidas safras recordes, deve continuar sustentando esse mercado e atraindo competidores.