30/04/2008 - 7:00
O Índice de Energia Elétrica (IEE) medido pela Bovespa praticamente não saiu do lugar na semana passada, quando o País discutiu se deve ou não pagar mais ao Paraguai pela energia de Itaipu. A variação do IEE até quinta-feira foi de apenas 0,23%, num sinal de que os investidores não estão muito preocupados com essa questão. Do ponto de vista das empresas do setor, qualquer aumento de tarifa gera custos adicionais, mas isso não é visto como um problema financeiro pelos analistas. Quem pagará a conta sou eu, você e todos que acendem lâmpadas e usam tomadas. ?O aumento não trará prejuízo às elétricas. As distribuidoras irão repassar o custo adicional integralmente ao consumidor?, diz Rosângela Ribeiro, analista da SLW. A pendenga está longe de ser resolvida e provoca reações fortes. Para Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as tarifas da geradora binacional não deveriam ser alteradas para beneficiar o Paraguai. ?Aumentar a conta de luz para o consumidor brasileiro não seria justo?, afirmou. Para quem tem dinheiro em ações de elétricas, a queda-de-braço levanta novamente o risco regulatório do setor. Quando isso acontece, é volatilidade na certa. Rosângela Ribeiro recomenda a compra de CPFL e Cemig. ?A CPFL deve continuar distribuindo 100% de seus dividendos e manter a boa administração. E a Cemig continua com bons fundamentos, grande liquidez, geração de caixa e bons níveis de dividendos?, afirma.
DESTAQUE NO PREGÃO O negócio ideal da Duratex As ações da Duratex estão em liquidação. Este ano, as ordinárias caíram 29% e as preferenciais despencaram 26%. Na quinta-feira, a Duratex PN deu um salto de quase 4%. Também, pudera: a empresa anunciou um investimento de R$ 60 milhões na aquisição, pela Deca, da fabricante de louças sanitárias Ideal Standard do Brasil. O negócio inclui as fábricas de Jundiaí (SP) e Queimados (RJ), com produção de 150 mil peças/mês, e deixa de fora as marcas da empresa comprada. Agora, a Deca domina 25% da produção de louças no País. Ponto para quem atua num setor de forte expansão atualmente, a construção civil. ?Nossa posição será reforçada. Aumentamos significativamente nossas vantagens competitivas?, afirmou Raul Penteado, presidente da Deca. |
NATURA A estrela cadente Os investidores continuam punindo a Natura, a primeira estrela do Novo Mercado da Bovespa. As ações da empresa caíram quase 6% na semana, até quinta-feira. No acumulado do ano, a valorização é de 6,76%. No ano passado, o papel derreteu 41%. Números ruins sempre assustam os investidores e a Natura divulgou uma queda de 1,7% no lucro do primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2007. O resultado, contido pelas operações no Exterior, foi de R$ 79 milhões. Para Alan Cardoso, analista da Prósper, a Natura é uma boa empresa que vive um momento complicado. A reestruturação ainda não surtiu os resultados esperados pelo presidente Alessandro Carlucci. ?As coisas estão difíceis e eles sabem disso. E deixam tudo claro para o mercado?, diz. |
PALAVRA DE ANALISTA Beatriz Batelli, analista do Banco Brascan, vê com bons olhos a aquisição da Ideal Standard pela Deca, do grupo Duratex. O principal efeito para a empresa é aumentar sua capacidade de produção de louças sanitárias de três milhões para 5,6 milhões de peças por ano, o que eleva sua participação de mercado para 25%. Outro fator positivo foi o preço. ?O valor foi bem menor do que se a Deca tivesse que começar uma nova empresa do zero. Ela só estava esperando o momento certo para comprar?, afirma Beatriz. Ela recomenda a compra do papel, com preço-alvo de R$ 61,68. Na quinta-feira 24, a Duratex PN fechou a R$ 31,85. |
QUEM VEM LÁ O tropeço da Les Lis BlancFoi adiada para esta semana a estréia da Les Lis Blanc na Bovespa. O IPO da grife de moda atrasou devido às condições adversas do mercado. O preço sugerido, que estava entre R$ 10,50 e R$ 12,50 por ação, foi reduzido para R$ 7,50 a R$ 8,50. Na sextafeira 25, a empresa anunciou o cancelamento da oferta secundária e manteve apenas a primária. O atraso foi um mal sinal para esse mercado, que este ano tem sido afetado pela crise do subprime nos EUA. Mas nem tudo está perdido. A oferta da Copasa, concluída na quarta-feira 23, saiu a R$ 24,50 por ação. Foi um preço acima do que os vendedores teriam obtido no primeiro trimestre. E a Anhanguera Educacional, do empresário Antônio Carbonari Netto, conseguiu captar R$ 442 milhões com suas novas Units. FIQUE DE OLHO ?O setor (de educação) não anda bem, mas é muito promissor?, diz Alexandre Falcão, analista do Morgan Stanley. |
TOURO X URSO | |
![]() | O feriado de 1º de maio, na quinta- ![]() |
EDUCAÇÃO FINANCEIRA O consultor financeiro Mauro Calil, professor do Instituto Nacional de Investidores, recomenda a análise do custo de oportunidade na escolha das melhores ações. Quem investe na caderneta de poupança recebe juros de 6% além da TR. Como a relação Preço/ Lucro da poupança seria de 16,67 (o valor retorna em 16,67 anos), não se deve comprar nenhum papel com P/L maior que esse. |
MERCADO EM NÚMEROS VALE BRASIL TELECOM PERDIGÃO PETROBRAS |
PERSONAGEM
O apetite da Inpar
O mercado imobiliário vive um boom. Porém, 20 das 21 companhias do setor listadas na Bovespa estão com o preço das ações no vermelho este ano. A InPar é uma delas. Para voltar a figurar na preferência do investidor, a empresa tirou Gustavo Felizolla da concorrente Gafisa para assumir a área de Relações com os Investidores. Ele falou à DINHEIRO.
DINHEIRO ? O aumento da Selic prejudica o setor?
FELIZOLLA ? Ainda não. As condições de mercado estão melhores. Quando as primeiras companhias imobiliárias chegaram à bolsa, em 2005, os juros estavam na casa dos 15%. Agora, estão em 11,75%. Nenhum banco sinalizou que vai pôr o pé no freio nos financiamentos. Há turbulência no curto prazo, mas o mercado irá se manter aquecido.
DINHEIRO ? Mudou o apetite da InPar?
FELIZOLLA ? Não. Os planos de crescimento continuam inalterados. Nossa projeção é alcançar R$ 2,5 bilhões em lançamentos em 2008. Destes, não mais que 30% serão na Grande São Paulo. Há regiões do País em diferentes fases de desenvolvimento. Nosso estoque de terrenos é grande, o que nos permite aproveitar esse desenvolvimento.
DINHEIRO ? Com tantas concorrentes na bolsa, como se diferenciar? FELIZOLLA ? A diversificação é importante. E temos isso. O segundo ponto é executar o plano de lançamentos e entregar os resultados prometidos. Aí os investidores vão entender e precificar corretamente a ação.
DINHEIRO ? O sr. aposta em fusões e aquisições?
FELIZOLLA ? Fusões vão acontecer no futuro. Por ora, as grandes, principalmente as que estão na bolsa, farão parcerias ou joint ventures com pequenas imobiliárias. Isso já está acontecendo.
DINHEIRO ? A InPar é caça ou caçadora?
FELIZOLLA ? Somos caçadores de parcerias e joint ventures. Queremos companhias com relevância estratégica nos nossos planos, como a presença em mercados que não atuamos. Manaus, por exemplo, é um lugar interessante. Fechamos uma parceria com a Caixa Econômica Federal para o financiamento de 20 mil unidades. E com a Nossa Caixa, em São Paulo, para dez mil unidades.
DINHEIRO ? Há interesse pelas corretoras de imóveis?
FELIZOLLA ? Não posso dar detalhes. É importante ter um braço em vendas.
DINHEIRO ? Os estrangeiros levaram 70% das ações no IPO da Inpar. Pretende mudar esse perfil?
FELIZOLLA ? Por enquanto, não. Estamos analisando o balanceamento dos investidores para o papel continuar líquido.
PELO MUNDO O IPOD RENDEU BRITISH PETROLEUM NO BRASIL FORD SURPREENDE CAFÉ FRIO |
Colaboraram Ana Clara Costa e Márcio Kroehn
DISCLAIMER ? Esta seção tem caráter meramente informativo e seu conteúdo não deve ser interpretado como recomendação de investimentos. A revista DINHEIRO não se responsabiliza por decisões de investimento tomada por seus leitores. O autor detém ações das seguintes empresas: Vale, Petrobras, Usiminas, Bovespa Holding, BM&F, Bradesco e Itaú.