24/08/2012 - 21:00
Stephen Urquhart tem dupla nacionalidade, britânica e suíça. O nome é de origem escocesa. E em suas veias corre sangue português, da família da mãe. Instalado em uma casa histórica no bairro boêmio do Soho, em Londres, ele olha para o Brasil. “Espero ir muito para lá nos próximos anos”, comenta, em inglês. Do idioma materno, sabe umas poucas palavras. “É uma boa oportunidade para aprender um pouco mais, retornar às minhas origens.” Mas são as oportunidades de negócio que movem Urquhart para o lado de baixo do Equador. Até o fim deste ano, o executivo, presidente mundial da Omega, deve desembarcar pelo menos mais duas vezes em solo brasileiro, onde comandará uma guinada na estratégia da icônica marca de relógios.
Stephen Urquhart: Na Omega House do Soho, em Londres, o executivo recebeu celebridades
como a atriz Nicole Kidman (à esq.). Na Rio-2016, ele pretende repetir a experiência
“Até a Olimpíada do Rio em 2016, teremos cinco ou seis lojas próprias no País”, anuncia em entrevista exclusiva à DINHEIRO. “As duas primeiras serão abertas ainda em 2012.” Os Jogos Olímpicos não entram por acaso nos planos de Urquhart para o mercado brasileiro. A Omega é uma das parceiras oficiais do Comitê Olímpico Internacional, a responsável pela cronometragem e aferição de resultados em todas as provas do evento. Tem sido assim desde 1932, em Los Angeles, mas nas últimas três edições das Olimpíadas a grife passou a trabalhar mais intensamente essa participação em sua estratégia de marketing. Por isso, uma espécie de contagem regressiva para a Rio-2016 já foi deflagrada pela companhia suíça e é considerada a chave para um definitivo ataque aos consumidores brasileiros.
“Temos uma oportunidade à nossa frente”, diz Urquhart. “São quatro anos para construir nossa imagem também no Brasil.” Tudo começa já com a abertura das lojas no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, e no Leblon, no Rio de Janeiro, nos próximos meses. No plano quadrienal da companhia estão pelo menos outras duas na capital paulista, mais uma para os cariocas e uma também em Brasília. “Disseram que há muito dinheiro lá, para eu não subestimar Brasília”, afirma o executivo. Urquhart quer saber mais sobre o País. Aproveita a entrevista para também perguntar, principalmente sobre o Nordeste e Manaus. Já conhece bem, porém, os principais entraves para a venda de produtos de luxo no Brasil. “O mercado é muito difícil, principalmente por causa das elevadas taxas de importação e dos custos para manter um negócio”, diz.
Famosos: o nadador Michael Phelps e o ator George Clooney são embaixadores
da grife em todo o mundo.
“Além disso, embora já haja shoppings especializados em grandes grifes, o mercado de luxo ainda não está totalmente desenvolvido.” O presidente da Omega também tem noção de que, para fisgar consumidores, precisa enfrentar a concorrência que vem de fora. “Nossos clientes voam para qualquer lugar do mundo, podem comprar em Miami, Nova York ou Londres. Por isso, não podemos cobrar no Brasil mais de 15% do que eles pagam nessas cidades.” Essa conta é a base da mudança de estratégia que culminou com a abertura de lojas próprias. A Omega constituiu uma empresa no Brasil e cuidará diretamente das operações de importação e varejo. Assim, eliminando a intermediação de importador e revendedor, espera ter mais controle sobre custos e, consequentemente, dos preços ao consumidor.
Então, entra em ação a máquina de marketing da companhia, que, além da presença olímpica, conta com o apoio de personalidades como embaixadores da marca. Na Omega House do Soho, montada especialmente para os Jogos em Londres, Urquhart recebeu, entre outros, a atriz Nicole Kidman, o nadador Michael Phelps, o golfista Greg Norman e o astronauta Buzz Aldrin, tripulante da Apolo II e o segundo homem a desembarcar na Lua. Pode-se esperar algo semelhante para 2016 no Rio, assim como a presença de um esportista brasileiro entre os embaixadores da grife. O velejador Robert Scheidt e o nadador Cesar Cielo estão na lista prévia de Urquhart. Podem receber uma visita do executivo em uma de suas passagens pelo Brasil. O homem não é de perder tempo.
(Diretamente de Londres)