Faça uma busca rápida na internet por Alexander Soros, e você vai se deparar com a seguinte definição: americano, 26 anos, filho do bilionário financista George Soros e de Susan Weber Soros, sua segunda mulher. Profissão: filantropo. Nem sempre foi assim, porém. Há quatro anos, imagens do jovem Soros foram estampadas nas colunas dos tabloides e dos sites de fofocas de Nova York, onde mora quando não está estudando na Universidade Berkeley, na Califórnia. Nas fotos, ele aparecia rodeado de mulheres e bebidas na luxuosa casa do pai, em Southampton, o balneário dos ricos e famosos nova-iorquinos. O incidente causou algum embaraço à família, mas serviu para que Alex, como é mais conhecido, aprendesse “o que é ser um Soros”. 

 

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O anfitrião: Alex Soros em um evento de sua fundação para captar recursos em Southampton

 

Na tentativa de escapar dos paparazzi e dos tabloides, ele decidiu que a próxima farra ocorreria fora do circuito habitual. No fim de 2009, comemorou o Réveillon na companhia de um seleto grupo de amigos em Florianópolis, em Santa Catarina. Sem sucesso: a folia foi parar na Page Six, coluna de fofocas do jornal sensacionalista americano New York Post. No início de agosto, Alex voltou à mídia mundial. Só que para ser celebrado por sua transformação em um filantropo, a exemplo do pai, o 22º homem mais rico do mundo, dono de uma fortuna de US$ 20 bilhões, de acordo com a revista Forbes. Rodeado de 340 mascarados em um baile realizado em um clube nas vizinhanças da casa do pai, ele comandou uma festa que contou com a presença de artistas, designers e socialites de Manhattan. 

 

Dessa vez, porém, celebrou a presença dos fotógrafos. Representando a Alexander Soros Foundation, que se dedica a promover a justiça social e os direitos humanos, o jovem foi o anfitrião de uma festa para a organização Global Witness, que luta contra os prejuízos sociais e ambientais provocados pela exploração de recursos naturais, como, por exemplo, os danos provocados à sociedade e à economia africana pela exploração indiscriminada de diamantes. O sucesso de Alexander Soros à frente da festa e seu desembaraço ao lidar com os negócios e a imprensa ganharam espaço na mídia e mostraram que o jovem começa a andar com as próprias pernas, seguindo, de certa forma, uma tradição familiar. 

 

Entre 1979 e 2011, um já bilionário George Soros, hoje com 81 anos, doou mais de US$ 8 bilhões para causas envolvendo democracia, direitos humanos, saúde pública e educação. Nas finanças, Soros pai é mais conhecido como o homem que quebrou o Banco da Inglaterra, depois de ter ganho US$ 1 bilhão, em setembro de 1992, apostando contra a libra esterlina. Ele também é famoso pelos seus lucros obtidos com especulação nos mercados de ouro, moedas e commodities. No entanto, ao longo dos últimos anos, Soros quis desvincular-se da imagem de tubarão do mercado para vestir as roupas mais confortáveis de filósofo e defensor da democracia. É nessa onda que Alex indica estar querendo surfar. 

 

A Alexander Soros Foundation foi criada em outubro de 2011 e tem, entre os beneficiados, a Aliança Nacional dos Trabalhadores Domésticos, que representa os direitos de 2,5 milhões de empregados nos Estados Unidos, e o Make the Road New York, que defende a comunidade latina e a classe trabalhadora na luta por dignidade e justiça. A filantropia e os importantes contatos advindos de uma vida cheia de privilégios ele herdou do pai – sem falar em parte da fortuna, que terá de dividir com seus quatro irmãos. O desafio, agora, é provar, constantemente, que ele é mais do que simplesmente o portador de um sobrenome ilustre. Esse desafio é vivido diariamente por boa parte dos herdeiros de grandes nomes da política, economia, música e artes, comparados a seus progenitores e cobrados como se fossem tais. Caso contrário, ele voltará para os tabloides, mas de uma forma muito menos glamourosa.

 

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