17/05/2006 - 7:00
No país do futebol, será sempre um evento solene. Na próxima segunda-feira, 15 de maio, quando Carlos Alberto Parreira anunciar no Rio de Janeiro os nomes dos 23 jogadores escalados para a Copa do Mundo, o Brasil sofrerá fraturas de humor. Uns cobrarão a convocação de atletas esquecidos. Outros lamentarão a presença de zagueiros e atacantes improváveis. Será tempo, também, de medir a escolha sob outro ponto de vista, o econômico. A camisa canarinho envolve patrocínios, hoje, na casa dos US$ 26 milhões anuais ? eram meros US$ 3,4 milhões em 1994. É uma das mais poderosas máquinas de propaganda do esporte em todo o mundo. A Nike, patrocinadora oficial, tem contrato renovado até 2018. Paga, por isso, US$ 12 milhões anuais, além de US$ 6 milhões a cada título conquistado. São números que circulam no mercado. A Nike prefere não divulgá-los. ?Nossa entrada no futebol, com a camisa brasileira, deu imenso impulso à imagem mundial da marca?, diz Ingo Ostrovsky, diretor de comunicação da empresa. Dona do guarda-chuva maior, que abriga os uniformes de jogo e treino do escrete, a Nike calça 11 dos 17 jogadores de convocação 100% garantida ( leia ao lado), entre eles Ronaldinho Gaúcho, cujo valor de mercado é estimado em US$ 46, 5 milhões, o maior do mundo no futebol. De cada 100 camisas oficiais vendidas (com selo Nike, evidentemente) 40 são do mágico atacante do Barcelona.
Por não estar na totalidade dos pés pentacampeões, a Nike tem que conviver com uma sobreposição natural e curiosa ? a de jogadores que desfilam no gramado com chuteiras de outras grifes. É o caso de Kaká, que tem contrato com a Adidas e Cafu, com a Lotto. ?Não há problema algum, faz parte do jogo de marketing?, diz Ostrovsky. ?As chuteiras são instrumentos de trabalho dos futebolistas, não cabe a nós defini-las?. Vale lembrar que na seleção da Alemanha a Adidas exige que todos tenham as três listras dos pés à cabeça, dentro e fora de campo. Como não é esse o caso da Seleção de Parreira, há situações curiosas. O armador Zé Roberto, por exemplo, está sem contrato ? calça, portanto, aquilo que no jargão da propaganda é chamado de ?black?. Usa chuteiras renomadas mas as pinta de negro, de modo a não fazer propaganda gratuita. Bem vindos a um outro torneio paralelo ao Mundial, tão decisivo quanto o original: a Copa das marcas. As feras de Parreira, de algum modo, estarão travando também este embate. Afinal de contas, ele levará o goleiro Marcos (Lotto) ou Rogério Ceni (Umbro), na mais esperada das decisões da segunda-feira do pontapé inicial rumo ao hexa?