11/10/2022 - 15:05
A coroação de um soberano britânico é uma cerimônia altamente simbólica, única na Europa, com regras e rituais que remontam a séculos. A de Elizabeth II em 1953 foi realizada mais de um ano depois que ela se tornou rainha.
– Período de luto –
A coroação de um novo monarca não ocorre imediatamente após a morte de seu antecessor, para permitir um período de luto e a organização de uma cerimônia complexa.
Esta independe da proclamação, que no caso de Charles III foi realizada em 10 de setembro, dois dias após o falecimento de sua mãe.
Elizabeth II, que se tornou rainha em 6 de fevereiro de 1952, dia em que seu pai morreu, foi coroada em 2 de junho de 1953, quinze meses depois, diante de mais de 8.000 convidados na Abadia de Westminster.
Espera-se que o novo rei, de 73 anos, prefira “uma coroação mais rápida e menor”, segundo Bob Morris, especialista na monarquia britânica. A cerimônia foi marcada para 6 de maio de 2023.
– Cerimônia de coroação –
A cerimônia de coroação também acontece na Abadia de Westminster e é oficiada pelo Arcebispo de Canterbury, líder religioso da Igreja Anglicana.
O arcebispo apresenta o novo governante ao público e o soberano pronuncia o juramento de coroação.
Nele, redigido em 1688, o monarca jura solenemente governar o povo britânico de acordo com as leis aprovadas no Parlamento, aplicar a lei e a justiça “com clemência” e “fazer o seu melhor” para preservar a Igreja anglicana e a religião protestante.
O arcebispo então unge o presidente com óleo consagrado e o abençoa no trono do rei Edward, construído em 1300 e usado em todas as coroações desde 1626.
O soberano finalmente recebe seus ornamentos reais, incluindo o cetro e a coroa, que é colocada pelo arcebispo.
– Coroação da esposa –
Salvo decisão em contrário, e se o novo soberano for homem, sua esposa é proclamada rainha consorte e coroada, seguindo uma cerimônia semelhante, mas simplificada.
Ela se tornará rainha viúva (ou rainha mãe se a rainha viúva anterior ainda estiver viva) com a morte do rei, que será sucedido por seu primeiro filho, independentemente do sexo.
No caso de uma rainha ascender ao trono, seu marido não se torna rei e não recebe a santa unção.
Em um de seus últimos atos decisivos para a sucessão, a rainha Elizabeth II deu sua bênção para Camilla se tornar “rainha consorte”, resolvendo uma questão de longa data sobre o tratamento da esposa de Charles.
– As joias da Coroa –
O Reino Unido é a única monarquia da Europa que ainda usa trajes e decorações, como cetros e espadas, nas cerimônias de coroação.
A Coroa de St. Edward, feita em 1661 para a coroação de Charles II, é tradicionalmente usada durante a cerimônia.
De ouro, prata, rubis e safiras, pesa mais de dois quilos e colocada na cabeça do monarca no momento da coroação.
Ao sair da abadia, uma coroa mais leve é usada. Composta por 2.868 diamantes, foi criada em 1937 para a coroação do rei George VI e também é usada pelo soberano na abertura anual do Parlamento.
– Convidados –
Em 1953, 8.251 convidados de 181 países e territórios participaram da coroação de Elizabeth II.
Entre eles estavam muitos representantes de monarquias estrangeiras, mas nenhum soberano europeu, respeitando uma tradição real.
Após a cerimônia, uma longa procissão acontece pelas ruas de Londres. Embora a Abadia de Westminster e o Palácio de Buckingham estejam a menos de 1,5 km de distância, a rota da procissão foi de 7,2 km em 1953 para permitir a participação do maior número de pessoas possível.