Depois de concretizado, o maior negócio do mercado brasileiro de publicidade do ano passado, a compra de R$ 1 bilhão do grupo ABC pela rede DDB – que é parte do grupo americano Omnicom –, entra em 2016 na fase de integração de suas operações. Para falar sobre isso, o colombiano Juan Carlos Ortiz, presidente da DDB Latina e chairman de criação para as Américas é uma das pessoas mais aptas:

Como o grupo ABC vai operar dentro da DDB?
O grupo Omnicom e a DDB já trabalhavam como parceiros na agência DM9DDB. Nos conhecemos bem e temos muitas coisas em comum. Compartilhamos valores, o que é importante. Será uma assimilação de culturas. A agência Africa administra contas importantes. Ao se tornar parte da DDB, ela cuidará, a partir do Brasil, de contas de alcance mundial. A parte operacional se reportará à DDB Latina, que inclui as operações na América Latina, no mercado latino dos EUA e o espanhol. Temos uma forma diferente de separar as regiões. Administramos por cultura, não por geografia.

O que a rede ganha com a entrada de Nizan Guanaes? O que acha da publicidade brasileira?
O Nizan é uma aquisição muito importante, assim como o Guga Valente [o seu sócio no ABC]. A entrada de suas empresas no Omnicom traz muito frescor às operações. Por meio do festival de Cannes, se percebe que o Brasil é um player impressionante, que está entre os mais importantes do mundo, como os EUA, a Inglaterra, a França, a Espanha e a Argentina. É uma potência criativa.
 
Um investimento no Brasil não é preocupante neste momento de crise econômica?
A crise é uma oportunidade para fazer as coisas. Acompanhamos o Brasil mudar em 30 anos. O País era uma ilha e agora se abriu para o mundo. O que aprendi em toda a minha vida como latino-americano é que, quando há crise, surgem as melhores oportunidades. A história é feita de ciclos. A crise, para os latinos, é a nossa especialidade. Nós vivemos em crise. Não estamos em crise. Por isso lutamos sempre.