É tudo uma questão de como se enxerga o copo: meio cheio ou meio vazio. Saíram na semana novos e desastrosos números da maldita herança econômica deixada por Dilma Rousseff ao País. A boa notícia – se é que podemos chamar assim – está no fato de as estatísticas apontarem um arrefecimento da crise. Isto é: aos poucos e muita pausadamente, a queda livre do PIB estaria perto do fim. Do lado ruim, o Brasil retrocedeu cinco anos. Os investimentos caíram mais de 15%. O consumo, mais de 5%.

A indústria perdeu quase 7% e o setor de serviços, outros 3,2%. Tudo isso em um intervalo de apenas um ano. A taxa de investimento no período já é a menor das últimas duas décadas e o Brasil foi arrastado para a lanterna global de crescimento do PIB, atrás, inclusive, da Grécia – que vivia uma hecatombe particular assustando meio mundo. Nem dá para acreditar que descemos tanto por obra e culpa de um governo e de um partido sem o menor compromisso com a responsabilidade fiscal e a disciplina orçamentária.

Que nunca mais se repita por aqui tamanho erro. O Relatório Mundial sobre Competitividade da suíça IMD, uma das principais instituições de ensino de administração do planeta, mostrou que o Brasil desabou para a 57º posição no ranking internacional de competitividade que conta com 61 países. Nesse mesmo universo, foi classificado como aquele que apresentou o pior governo – isso mesmo – das contas públicas. Entre 2010 e 2016, justamente o terrível intervalo de gestão de Dilma Rousseff, o Brasil perdeu 19 posições no ranking, exibindo uma das mais flagrantes deteriorações econômicas registradas no estudo.

Em termos comparativos, o Brasil só não está pior que Venezuela, Mongólia, Ucrânia e Croácia. Do lado “cheio” do copo, digamos assim, vários economistas asseguram que as perspectivas daqui para frente são as melhores possíveis dentro de um cenário até então deteriorado. O simples fato de mudança de governo revitalizou o otimismo do empresariado. Muitos estão apostando em retomada, desengavetando projetos e voltando a falar em investimentos. A confiança – essa fundamental – voltou.

Levantamento da Fundação Getúlio Vargas apontou que quase todas as instituições, inclusive o Banco Central, estão revendo para melhor o desempenho do PIB. Ainda negativo, porém em escala mais promissora. A tendência de recuperação também indica que a maioria sente que o pior já passou. Como se tivessem destravado a pressão da política sobre a economia. Esse quadro deve se consagrar com força após a conclusão do processo de impeachment e completo afastamento da presidente Dilma. Muitos ainda aguardam ansiosos por isso antes da volta à normalidade de seus negócios. De uma coisa estão certos: esse caminho de transição tem de ser uma via sem volta porque qualquer retrocesso nesse sentido seria um desastre absoluto.

(Nota publicada na Edição 970 da Revista Dinheiro)