A presidente Dilma Rousseff tem dado demonstrações públicas de que encara com muito equilíbrio a hecatombe econômica da Europa. Sua mais firme e sensata declaração a respeito foi dada ainda durante o encontro do G-20, em Cannes, há algumas semanas. Indagada sobre se o Brasil iria ajudar o Velho Continente, ela respondeu com um pragmatismo que surpreendeu a muitos – e, em especial, aos parceiros do euro, que a paparicavam durante o encontro na esperança de conquistar sua benevolência. 

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Disse Dilma: “Eu não tenho nenhuma intenção de fazer uma contribuição direta para o Fundo de Estabilização Europeu. Por quê? Se nem eles (os europeus) têm? Por que eu teria?”. Dilma está fundamentalmente empenhada em blindar o País que dirige e não mostra qualquer disposição em desperdiçar o colchão de reservas do BC, que soma mais de US$ 400 bilhões, praticando caridade como marketing nas esferas internacionais. Sabe o custo que deu poupar essa montanha de dinheiro e tem prioridades sociais para as quais quer destinar as atenções e os financiamentos. Um ótimo sinal! O Brasil, a seu ver, não sofrerá um grande impacto com os desdobramentos da crise. Para confirmar o prognóstico, ela planeja uma estratégia de mais investimentos em infraestrutura, a partir de 2012, e estímulos ao desembarque de novos capitais estrangeiros no parque industrial interno. É, em resumo, a sua fórmula para a travessia dos tempos difíceis que, sabe, virão pela frente. 

 

Com menos estrago, aposta, mas com uma força que não pode ser confundida com a de uma simples marolinha. Tais pinceladas de gestão responsável estão ajudando a lustrar ainda mais a imagem de uma presidente que atua como CEO de empresa, perseguindo metas e criando caminhos para o crescimento da corporação. Dilma já foi, pejorativamente, chamada de burocrata. Dá, hoje, exemplo de mandatária que trabalha com disciplina e ausência de deslumbramento com o poder. O entusiasmo dela é todo dirigido à melhoria dos fundamentos macroeconômicos brasileiros e à garantia da estabilidade. Animada, na semana passada, traçou paralelos entre o que ocorre hoje aqui e lá fora: “A minha pauta é completamente diferente da pauta dos países desenvolvidos. Os países desenvolvidos discutem crise, dívida soberana e dívida de banco. Nós aqui discutimos investimento, redução de imposto, crescimento e como é que nós vamos cada vez mais ampliar o espaço do Brasil no mundo”. Alguém duvida?