25/09/2015 - 0:00
O dólar na estratosfera tem razões evidentes que todos conhecem: a profunda desconfiança no Governo, no ambiente político e nos fundamentos econômicos. Tudo junto e misturado está composto o coquetel de instabilidade que faz sangrar a moeda brasileira. Nunca antes na história do real ele valeu tão pouco frente ao dólar. E deva-se mais essa “conquista” as estripulias de Dilma e das gestões petistas. Não há efeito China, muito menos qualquer ligação com os temores de aumento dos juros americanos. Não existe fuga de capitais. Impera apenas e tão somente a percepção de que Dilma não dá mais conta de gerir a Nação.
A aposta nesse sentido cresce com o passar dos dias, sem prazo para arrefecer. Nem mesmo as medidas lançadas de maneira afobada, como o encaminhamento do projeto que recria a CPMF e a votação dos vetos presidenciais serviram para acalmar o mercado. Ao contrário. Puseram mais lenha na fogueira. O derretimento do real continua em ritmo crescente. Ele perdeu tanto valor que em menos de um ano o câmbio frente à moeda americana quase dobrou. O dólar saiu de uma cotação inferior a R$ 2 para algo na casa dos R$ 4,20 no oficial.
A desordem nas contas públicas e a fraqueza da administração federal estão levando pane a política monetária, com juros e dólar fugindo do controle.Nessa espiral negativa aumentam a pressão inflacionária e as chances de rebaixamento da nota brasileira pelas demais agências de risco. Os gastos de brasileiros no exterior caíram mais de 46% em agosto passado frente ao mesmo mês de 2014 e a dívida bruta do País ameaça subir a patamares nunca antes experimentados. Com o quadro de indicadores macroeconômicos desarrumados não há leilão que segure as expectativas de alta geradas entre os operadores.
O Brasil que já ocupou a sexta posição no ranking das economias mundiais, desbancando o Reino Unido no início da década, deve agora cair para a nona posição, atrás do Canadá. E segue ladeira abaixo por obra dos equívocos cometidos no governo Dilma. Para os analistas, o fato de o País não conseguir sustentar índices mínimos de crescimento, revendo seguidamente seu PIB para baixo, só reforça a impressão de que a agonia está longe do fim. A virada virá quando ocorrer uma resposta positiva no plano político.
(Nota publicada na Edição 935 da Revista Dinheiro)