15/02/2012 - 21:00
No limite do colapso do sistema aeroportuário, em meio ao caos verificado todos os dias nos saguões e com o prazo curto diante da proximidade dos eventos da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, que trarão milhões de visitantes ao País, o governo federal conseguiu finalmente repassar o controle de alguns aeroportos à iniciativa privada. Foram três entre os principais – Guarulhos, em São Paulo, Viracopos, em Campinas, além de Brasília. Vendidos com ágio generoso, cuja variação chegou a até 673,4% sobre o preço originalmente pedido, eles custaram no total mais de R$ 24,5 bilhões. Parte do dinheiro servirá ao fundo de investimentos dos demais 63 aeroportos ainda sob administração da Infraero.
O que significa, a princípio, que os benefícios dessa empreitada estarão disseminados por toda a malha. E aí reside a questão central desse movimento. A esperada melhora das operações, com ganhos de agilidade do serviço, expansão e modernização, não seria exequível caso dependesse exclusivamente de recursos estatais. Agora existe uma chance muito mais concreta de isso ocorrer. Do ponto de vista da gestão, a expertise dos novos controladores, detentores de várias unidades espalhadas pelo mundo, também deve trazer um upgrade. Pode não ser de imediato, mas aos poucos os usuários sentirão a diferença. Nos bastidores da venda, críticas passionais e infundadas sobre a origem dos capitais envolvidos chegaram a tomar conta dos debates.
Muitos reclamaram da participação dos fundos de pensão na jogada, como se fosse esse um caso inédito e desabonador da privatização. Desde os primórdios desses repasses de empresas do Estado à livre iniciativa, o engajamento dos fundos vem ocorrendo com resultados promissores. Para qualquer um dos envolvidos, as perspectivas de ótimo retorno do negócio estão claras. E o sucesso dessa primeira fase do programa deveria servir de inspiração para acelerar outras licitações do gênero. É o início de um grande voo e o importante por enquanto é que esse leilão trouxe de volta aos governantes do País a ideia de que desestatização não se trata de um bicho de sete cabeças.