14/04/2022 - 4:49
Sete semanas após o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, ainda é difícil estabelecer um balanço exato das perdas civis e militares. Mas tanto a ONU quanto as autoridades russas e ucranianas dão algumas pistas.
– Vítimas civis –
Os números fornecidos pelas Nações Unidas são, como em outros conflitos no mundo, tomados como referência para as vítimas civis da guerra na Ucrânia.
A ONU contou na terça-feira “4.450 vítimas civis no país: 1.892 mortos e 2.558 feridos” desde 24 de fevereiro, mas enfatizando “acreditar que os números reais são consideravelmente maiores”.
As Nações Unidas apontaram a dificuldade de conseguir informação no terreno e verificar os saldos estabelecidos. Como consequência, a organização quer mudar sua metodologia.
Os próximos balanços fornecidos pela ONU deverão refletir “uma estimativa realista do número real de vítimas do conflito”, declarou na semana passada, Uladzimir Shcherbau, chefe da missão da ONU responsável por contabilizar as vítimas do conflito.
– Perdas militares –
Embora sirva de referência para baixas civis, a ONU não fornece informações sobre perdas militares.
Os ministérios da defesa de ambos os lados oferecem regularmente dados sobre soldados inimigos mortos que não puderam ser verificados independentemente pela AFP.
A Ucrânia afirmou na terça-feira ter matado 19.600 soldados russos desde o início da invasão. Moscou, por sua vez, colocou o número de mortes entre as tropas ucranianas em 25 de março em 14.000.
Em relação às suas próprias perdas, ambos os países são mais discretos.
Depois de manter um longo silêncio sobre o assunto, a Rússia disse em 25 de março que havia perdido 1.351 soldados nesta guerra.
“Temos baixas significativas entre as tropas e é uma grande tragédia para nós”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à Sky News do Reino Unido em entrevista em 7 de abril.
A Ucrânia reconheceu baixas entre suas tropas, mas não forneceu detalhes.
– “Massacres” perto de Kiev –
Após o anúncio do Kremlin da retirada de suas forças da região de Kiev para se concentrar no leste do país, os ucranianos recuperaram o controle de todas as cidades localizadas nos arredores da capital.
Todas foram devastadas pelos combates e foram palco de “massacres”, dizem as autoridades ucranianas, que acusam Moscou de “crimes de guerra”.
A Rússia, por sua vez, denuncia uma “armação” orquestrada por Kiev para prejudicá-la.
A polícia ucraniana disse na terça-feira que encontrou 720 corpos sem vida na região de Kiev.
Em Bucha, a noroeste da capital, foram encontrados centenas de corpos, alguns com as mãos amarradas nas costas. As imagens de uma rua onde estavam cerca de vinte cadáveres, vistas pela AFP, deram a volta ao mundo.
O presidente russo, Vladimir Putin, chamou de “informação falsa”.
Mas as autoridades ucranianas dizem que estão cientes de situações semelhantes em outras cidades onde recuperaram o controle.
Fora da região de Kiev, em Chernihiv, perto da fronteira com Belarus, mais de 700 pessoas foram mortas desde o início das ofensivas.
E em Severodonetsk (leste), as autoridades registraram que 400 civis foram enterrados pela guerra.
As operações de desminagem e a recuperação de outras cidades pelo exército ucraniano podem aumentar esse número.
– Mariupol –
Onde as perdas humanas são mais sentidas é em Mariupol, uma grande cidade no sudeste da Ucrânia sitiada há mais de 40 dias pelo exército russo.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou na segunda-feira a Rússia de ser responsável pela morte de “dezenas de milhares” de pessoas neste porto estratégico no Mar de Azov.
O governador regional de Donetsk, Pavlo Kirilenko, estimou que 20.000 a 22.000 pessoas foram mortas nos combates em Mariupol.
No início de março, as autoridades ucranianas já falavam em pelo menos 5.000 mortes.
A responsável pelos direitos humanos do Parlamento ucraniano, Liudmila Denisova, acusou a Rússia de falsificar o saldo de vítimas usando treze crematórios móveis para incinerar “os corpos de civis nas ruas”.