16/05/2007 - 7:00
Em um atípico dia de frio, na tarde em quem o papa Bento XVI desembarcava no Brasil e a cidade de São Paulo vivia um trânsito caótico, os executivos brasileiros da renomada empresa austríaca de cristais Swarovski davam de ombros para os acontecimentos. As atenções da equipe estavam voltadas exclusivamente para o hotel Emiliano, localizado na Oscar Freire, rua do bairro nobre dos Jardins. Era ali que Markus Langes-Swarovski, membro do Conselho Executivo da Swarovski Mundial e tataraneto de Daniel Swarovski I, o fundador da marca criada em 1895, estava hospedado. A visita, é bom frisar, não era de turismo. Markus aterrissou no País para conhecer de perto as operações do grupo na região. Afinal, o Brasil conta com sete lojas espalhadas pelas principais capitais e responde por 40% do faturamento na América Latina. Os números não são revelados por Markus, mas o continente responde por uma boa fatia do bolo do faturamento mundial de 2,43 bilhões. “O mercado brasileiro é estratégico para a Swarovski”, disse Markus à DINHEIRO.
É de se entender a preocupação com o domínio do mercado brasileiro.
Uma pesquisa elaborada pelas consultorias MCF e GfK revela que o mercado de luxo movimentou US$ 3,9 bilhões em 2006. Trata-se de um crescimento de 17% em relação ao ano anterior – índice, é verdade, bem mais representativo se comparado ao salto do PIB nacional, que atingiu uma taxa de apenas 3,7%. De olho nisso, Markus pretende estudar a operação na região.
Com apenas 33 anos, ele é responsável por toda a área de Branding e Comunicação da Swarovski. Tratando- se de uma empresa com 20 mil funcionários e bandeira cravada em mais de 120 países, não é um trabalho simples. É necessário conhecer a fundo a história da empresa. Quanto a isso, não há problema. Markus, além de ser formado em administração pela universidade de Munique, na Alemanha, fez uma série de estágios na produção de cristais.”Acredito no negócio criado por meu tataravô e sou apaixonado por isso”, confessa o empresário.
MARILYN MONROE:
a musa de Hollywood em seu vestido cravejado de cristais
Os cristais Swarovski, que nasceram de uma máquina usada para cortar pedras e usá-las em jóias, tornaram-se cult entre celebridades e hoje são usados por empresas para dar um toque de exclusividade em seus produtos (ver quadro). Há até um clube com 400 mil colecionadores, o Swarovoski Crystal Society. “Essa febre pela marca é fruto de um excelente trabalho de marketing baseado em tradição, posicionamento e, principalmente, qualidade”, diz Silvio Passarelli, diretor do curso de MBA de Gestão do Luxo da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Mais: o trabalho vai além do produto. “As estratégias de posicionamento de marketing da Swarovski estão muito mais ligadas a força de sua marca”, analisa José Roberto Martins, diretor da Global Brands, empresa especializada em avaliação de marcas. O segredo? “Nossos produtos são democráticos e não populares”, explica Markus. Essa tese serve para explicar a variedade de preços das peças. Uma pedra Swarovski pode custar de R$ 200 a R$ 4 mil. Elas podem ser vistas em vestidos Chanel, em roupas de divas como Marilyn Monroe, no piano de Elton John e até em canetas Bic. Não importa onde estejam, eles foram feitos para brilhar.
CELULAR NOKIA: parceria que trouxe sofisticação ao produto
PEN DRIVE PHILIPS: agregou charme ao aparelho sem graça
PIANO DE ELTON JOHN: o tampo do instrumento é adornado com pedras que formam notas musicais