24/08/2012 - 21:00
“Para garantir um lugar no topo do mercado, seja ele qual for, uma marca não pode ser boa em apenas uma coisa: ela precisa ser boa em tudo.” É com essa determinação que o inglês Paul Flowers pretende elevar ainda mais o status da alemã Grohe, líder mundial no setor de metais sanitários e de cozinha. Desde que foi contratado em 2005, para ser vice-presidente de design, a empresa cresceu 50%, com € 1,2 bilhão de vendas no ano passado. Sorte? Flowers afirma que não. Antes de sua chegada, a Grohe costumava ser comparada à montadora de automóveis sueca Volvo, que até 1995 produzia os melhores e mais seguros carros do mundo, mas sem apelo visual e com um design conservador.
Paul Flowers, CEO da Grohe: “Não queremos criar apenas uma marca, queremos
criar ótimas experiências”
A confiança na qualidade de seus produtos é expressa pela garantia que a Grohe oferece: de 15 anos até a eternidade, no caso de equipamentos mais sofisticados. Trazendo sua experiência de anos e anos na Philips e na também sueca Electrolux, Flowers fez a Grohe se destacar no mundo do design. Nos últimos sete anos, Flowers e seu time de 17 designers colecionaram cerca de 50 prêmios internacionais de design, como o Good Design, dos EUA, e os IF Design Award e Red Dot, da Alemanha, este último considerado o Oscar do desenho industrial, se igualando a marcas renomadas no setor de design e tecnologia, como as americanas Bose e Apple, as alemãs Adidas e BMW, a japonesa Sony e a holandesa Philips.
“Acho que nunca paro de trabalhar”, diz o designer, responsável pela criação do sistema de banho Ondus Digital Aquafountain, o mais caro da marca, vendido por R$ 37 mil. “Mesmo fora da empresa estou sempre lendo ou pensando em novos produtos.” Todo esse cuidado tem rendido melhorias para a imagem da empresa. Segundo Jéthero Miranda, coordenador do curso de design de interiores do Centro Universi-tário Belas Artes de São Paulo, a Grohe não deve ser lembrada apenas pelas inovações tecnológicas. “O acabamento da marca em níquel e cromo é único no mercado”, afirma Miranda. Entre seus produtos mais curiosos estão a Blue II, filtro que resfria e gaseifica, e a Red, que esquenta a água a 100ºC.
Antes conhecida como uma fabricante de produtos bons, mas feios, hoje a Grohe se tornou
uma referência em design, conquistando prêmios ao lado de Apple, BMW, Adidas e Sony
Mas não é só Flowers – considerado pelo European Centre for Architecture and Urban Studies, em 2008, um dos 40 europeus mais bem-sucedidos na área de arquitetura e urbanismo – o único responsável pelo crescimento da empresa, controlada desde 2004 pelo Texas Pacific Goup (TPG) e o Credit Suisse. Em 2011, seu time de funcionários foi nomeado a melhor equipe de design pelo segundo ano consecutivo, mais uma vez pela renomada premiação alemã Red Dot. Entre esses ilustres funcionários está, inclusive, um brasileiro: o paranaense Patrick Speck, 36 anos, filho de um engenheiro da extinta Prosdócimo, empresa nacional de eletrodomésticos. “Trabalhamos juntos na Electrolux italiana e sou apenas elogios para ele”, diz Flowers. A vinda da Grohe ao Brasil ainda é recente – data de 2009 –, mas já criou expectativas positivas entre os executivos da marca.
“É esperado que o Brasil, pelo tamanho e potencial que tem, se torne um de nossos maiores consumidores”, diz Flowers. Por enquanto, as maiores fatias da receita vêm da Europa, dos Estados Unidos e do Oriente Médio. Para os próximos anos, o designer acredita que, além do Brasil, a China e a Índia terão papel significativo nas vendas. “A consolidação da marca no País vai render bons frutos”, afirma Miranda. “Além de aumentar a gama de opções para os consumidores, a Grohe vai estimular o desenvolvimento das outras empresas do setor, que ganharam uma concorrente sem igual.” Ainda sobre o futuro, Flowers revela que os fãs da Grohe podem esperar produtos voltados para o bem-estar. “Não queremos criar apenas uma marca, queremos criar ótimas experiências.”