16/05/2007 - 7:00
O estilista desenha, desenvolve produto, compra tecido, negocia com os fornecedores, escolhe o ponto-de-venda, toca os investimentos, analisa a gestão financeira, expande os negócios para outros países… Ufa! Ainda sobra tempo para traçar estratégias de marketing, organizar desfiles e, quem sabe, aparecer nas colunas sociais. Esse modelo de gestão que, na década de 80, afundou marcas como Pierre Cardin ficou para trás. Hoje, os grandes grupos nacionais, muito mais do que vendedores de sonhos, tornaram-se gestores de marcas. Nesse cenário, despontam empresas como a AMC Têxtil, dona da Colcci, Sommer e Carmelitas; o grupo Marisol, que comanda marcas como Lilica Ripilica, Pakalolo, Rosa Chá, e, por último, a companhia BR Labels, que coordena os passos da VR Menswear, VR Kids, Mandi, Calvin Klein Jeans e Calvin Klein Underwear. Na semana passada, a BR Labels acelerou as passadas rumo à consolidação do grupo ao inaugurar, na Daslu, a loja Calvin Klein Collection, que reúne os vestidos desenhados pelo brasileiro Francisco Costa, peças que custam R$ 7 mil cada. ?Esta marca trará mais prestígio para as outras linhas da Calvin Klein?, diz Alexandre Brett, diretor da BR Labels ? empresa que fatura R$ 150 milhões ao ano. ?A chegada dela também é um indício de que estamos trabalhando corretamente.?
O début da Calvin Klein Collection no País mostra o amadurecimento do mercado de moda e coroa a gestão de Brett. ?Estamos negociando a representação da Calvin Klein em toda a América do Sul?, revelou Brett. A relação da grife com a família Brett é muito antiga. Na década de 80, a marca era gerida pelo pai e pelo tio de Alexandre, Ladislau e André, donos da Vila Romana. Acontece, contudo, que o estilista Calvin Klein perdeu a mão do negócio com o licenciamento descontrolado e a marca ficou arranhada no mundo inteiro. Quando venceu o contrato, eles preferiram não renovar. Mas, em 2003, o grupo americano Philips Van Heusen (PVH) botou US$ 400 milhões nas mãos de Calvin Klein e ele vendeu a grife. Após isso, a marca voltou a brilhar. Foi aí que Alexandre entrou. O grupo dele, o BR Labels, já tinha sucesso com a grife VR Menswear, cujo consumidor é o executivo de 25 a 45 anos. Somado a isso, pertencia a uma família com experiência em gestão de marcas internacionais. ?Os grupos estrangeiros têm confiança, pois sabem que eles já conhecem o mercado?, diz Luciane Robic, diretora do Instituto Brasileiro de Moda.
A chegada de outras marcas como a Mandi, que era comandada por Marcelo Loureiro e Marcos Moraes, também trouxe novo gás para os negócios do grupo. ?Há uma sinergia de distribuição, contratos com fornecedores e comunicação?, diz Alexandre. O grupo BR Labels, com apenas cinco anos de existência, comprova essa tese em números. Em 2005, quando Alexandre assumiu a gestão da Mandi, uma marca jovem, ela tinha três lojas e distribuição em dez pontos multimarcas. Hoje, ela tem dez lojas e é encontrada em 100 lojas multimarcas. ?O Alexandre fez um bom trabalho na VR e viu que poderia fazer o mesmo com outras marcas?, avalia Carlos Ferreirinha, diretor da MCF Consultoria. O placar, por enquanto, marca a seu favor: a VR responde por 60% do faturamento, a Calvin Klein fica com 30% e os 10% restantes são da Mandi. ?Neste ano cresceremos 40%?, avisa o empresário. Quem sabe, em breve, uma nova marca entrará no menu da BR Labels.
![]() |
![]() |
R$ 150 milhões é quanto a BR Labels fatura com todas as suas marcas |