Especial Onde investir em 2024

Como em uma disputa olímpica em que as variáveis podem influenciar no resultado final de qualquer modalidade esportiva, no universo dos investimentos a estratégia acertada pode ser o indicativo para uma carteira valiosa. Diante dos riscos envolvidos, dois segmentos ganharam destaque e se tornaram atraentes aos investidores pessoas físicas nos últimos anos:
• os Fundos Imobiliários (FII);
• e os Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro).

Ambos podem ter uma renda mensal isenta de Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos e estão atrelados a setores que têm apresentado histórico de valorização, o que deve manter elevado o interesse nesse tipo de ativo em 2024.

Ainda assim é preciso estar atento. Segundo André Ito, CEO da MavCapital, apesar de os dois produtos terem características semelhantes, os riscos envolvidos são diferentes. E o desempenho também.

Movimentando cerca de R$ 2,6 trilhões no PIB brasileiro, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o agronegócio se tornou atraente para investimentos, fato que motivou, por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o lançamento do Fiagro, em 2021.

O fundo tem três subdivisões:
Fiagros-Imobiliários, que investem em recebíveis do agronegócio (CRAs) e recebíveis imobiliários (CRIs) com lastro no agronegócio;
Fiagros-FIDCs, que aportam em direitos creditórios da agroindústria;
 Fiagros-FIPs, com investimentos em participações de empresas do setor.

O potencial se torna evidente diante do crescimento no curto intervalo de existência. Entre janeiro e novembro de 2023, por exemplo, as emissões do Fiagro somaram quase R$ 7,9 bilhões, ultrapassando os R$ 7,2 bilhões de todo 2022, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O patrimônio líquido da indústria do Fiagro chegou a R$ 19,1 bilhões até o último 30 de novembro, alta de quase 75% na comparação com dezembro de 2022 (R$ 11,6 bilhões).

O número de investidores também cresceu exponencialmente. Saiu de 181 mil em 2022 para 300 mil no ano passado. Na visão de Ito, qualquer poupador no Brasil deveria investir no Fiagro. Os motivos? “Estar atrelado a um segmento da economia resiliente e ultrarrepresentativo”, disse. “E, mesmo que seja o investidor mais conservador, o investimento num Fiagro de crédito é algo mais conservador e mais seguro do que o investimento em Bolsa de Valores.”

Segundo o analista, ainda existe uma “avenida de crescimento” para o Fiagro. “Mas acredito que vamos enfrentar um desafio grande de provar o valor das teses”, afirmou. Em termos de rentabilidade, apesar do início do ciclo de queda de juros, a classe deve continuar atrativa.

As projeções ainda apontam para uma Selic em dois dígitos no início deste ano, e como os Fiagros são indexados ao CDI, que segue a variação da taxa de juros, o cenário segue favorável a esses ativos. Os riscos, no entanto, também são reais e estão relacionados principalmente aos fenômenos naturais, como secas e enchentes, adversidades que podem ser minimizadas com a diversificação de investimentos.

FUNDOS IMOBILIÁRIOS

Mais consolidados no mercado, eles podem ser divididos em dois grandes grupos: os chamados fundos de tijolo, que trabalham como condomínios de investidores que reúnem recursos com a finalidade de adquirir e explorar imóveis para obtenção de renda com aluguéis — casos de lajes corporativas, galpões logísticos, comércio de rua e shopping centers; e fundos de recebíveis, ou fundos de papel, que compram títulos de crédito — dívidas que foram emitidas ou lastreadas em algum tipo de operação imobiliária.

Na visão do analista independente Ricardo Schweitzer, em geral há melhor perspectiva para os fundos de tijolo este ano. O otimismo se deve à valorização de mais de 12,2% do Ifix, índice que reúne os fundos imobiliários mais negociados na B3, diante do impacto positivo da contínua queda da Selic.

“Dentro do segmento, eu acho que os destaques devem ser lajes corporativas, renda urbana e shopping center.” No ano passado, o segmento de shopping center apresentou, entre janeiro e novembro, retorno de 25%.

A situação, segundo o especialista, deverá ser outra nos fundos de recebíveis. No ano passado houve uma dinâmica mais negativa, por duas razões: “A desaceleração da inflação trouxe impacto ao rendimento de muitos fundos de recebíveis, tendência que deve continuar”, disse Schweitzer. “Além disso, por causa da deterioração da atividade econômica em alguns segmentos, aliada a um excesso de tomada de risco nos fundos de recebíveis nos últimos anos, houve eventos de inadimplência.”

Independentemente dos possíveis riscos, a procura cresce. O número de investidores saltou de 645 mil em 2019 para 1,5 milhão em 2021 e 2,4 milhões até novembro do ano passado.