As estreitas calçadas da Via Montenapoleone, no centro de Milão, na Itália, atraem fashionistas do mundo inteiro. Em pouco menos de 500 metros, a rua reúne lojas de ícones da alta-costura, como as grifes Gucci, Versace, Prada e Valentino. Em seus arredores, marcas não menos famosas, como Chanel, Armani e Dolce & Gabanna, também exibem as últimas tendências apresentadas nos desfiles mais badalados da Europa. A região, conhecida como o quadrilatero della moda, é um dos principais pontos turísticos da cidade italiana, conhecida como a capital internacional da moda. 

 

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Vitrine: Sônia Hess, da Dudalina, planeja abrir mais lojas

na Europa e na Austrália

 

Em setembro, a menos de 300 metros dali, na Via Fatebenefratelli, a fabricante catarinense de camisas Dudalina entrou nesse sofisticado circuito de luxo, com a inauguração de sua primeira loja no Exterior. Trata-se da mais recente jogada de Sônia Hess, presidenta da empresa, para transformar a confecção criada por sua mãe, Adelina, em Luiz Alves (SC), em uma marca prestigiada de camisas. “Quero competir com as maiores grifes do mundo e fazer das camisas da Dudalina um objeto de desejo”, afirma Sônia. No Brasil, executivas como Graça Foster, presidenta da Petrobras, e personalidades como Fátima Bernardes, apresentadora da Rede Globo, costumam desfilar com as camisas da Dudalina. 

 

Agora, Sônia quer usar a loja de Milão como vitrine para o mercado internacional e conquistar também as exigentes consumidoras europeias. Em 2013, Sônia planeja inaugurar outras três lojas na Europa, além de uma na Austrália. Assim, a empresária espera antecipar em um ano sua meta de faturar R$ 1 bilhão, até 2016. Hoje, sua empresa fatura R$ 400 milhões. Para isso, além de mirar o mercado internacional, ela investe no aumento da capacidade de produção. Na semana passada, Sônia comprou mais uma fábrica, a sexta no Brasil. A chegada a Milão evidencia um dos traços mais característicos do estilo de gestão de Sônia: a agressividade nos negócios. 

 

Desde que assumiu o comando da companhia, em 2003, ela vem imprimindo um ritmo constante de mudanças na camisaria. Há dois anos, ela abandonou o negócio de terceirização de produção, que contava com clientes de peso, como a varejista espanhola Zara, para entrar de cabeça no varejo. Hoje, a Dudalina possui 54 lojas. Nada mau para uma empresa que só começou por causa de um equívoco do pai de Sônia, mais conhecido como Duda, que comprou uma quantidade exagerada de tecidos para o armazém de secos e molhados da família. Dona Adelina, sua mulher, decidiu então costurar algumas camisas para vender. O sucesso da empreitada deu origem ao negócio. 

 

“A Sônia é um tipo raro de empreendedora, que consegue ser audaciosa sem esquecer as origens”, afirma Latif Abrão Jr., presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil. Conquistar o mercado internacional, no entanto, não será uma missão fácil. “A Dudalina faz excelentes camisas”, afirma Flávia Quintela, consultora de moda e imagem. “Para competir com as grandes marcas, no entanto, precisa ainda avançar um pouco.” Para Valdemar Iódice, presidente da Associação Brasileira de Estilistas, o pulo do gato da Dudalina está no foco em um só produto. “Lá fora, não existem muitas grifes especializadas”, afirma Iódice. “Como ela vai vender apenas camisas, acredito que há ótimas chances de sucesso.”

 

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