Quanto vale um diploma? O ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva nunca teve título universitário e isso não o impediu de ser eleito presidente da República. Os empresários Amador Aguiar (Bradesco) e Samuel Klein (Casas Bahia) fundaram impérios sem passarem pelo vestibular. Mas quantos brasileiros têm chances de alcançar a sonhada vitória desses self-made men? Para a maior parte da população, a medida de sucesso na vida é conseguir um bom emprego ou montar um negócio que garanta moradia própria, o sustento da família e a educação dos filhos. Milhões de brasileiros que hoje engordam a nova classe média têm na educação a única chance real de ver seus filhos prosperarem mais do que eles. Sem uma boa formação, não há esperanças para os novos profissionais num mercado de trabalho cada vez mais global e competitivo. 

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Profissionais e empreendedores de países desenvolvidos em crise têm mudado para o Brasil em busca de fortuna. Aqui, a boa educação é o melhor passaporte para a riqueza individual e o desenvolvimento nacional – o resto é sorte e perseverança. Neste ano de eleições, é alentador saber que a educação será um dos principais temas na corrida pela sucessão de Gilberto Kassab (PSD) na Prefeitura de São Paulo. Do orçamento de R$ 38,7 bilhões que o prefeito dispõe para investir em 2012, nada menos que R$ 7,3 bilhões (19%) serão destinados à educação. Não é coincidência que Fernando Haddad é o candidato do PT nessa disputa. Ungido pessoalmente por Lula em detrimento da ex-prefeita Marta Suplicy, o ministro da Educação do governo Dilma desligou-se do cargo na quarta-feira 18. 

 

Antes disso, fez um balanço positivo da pasta. Os investimentos públicos diretos cresceram significativamente desde 2003, passando de 3,9% para 5,1% do PIB em 2011. É preciso avançar mais. “Queremos que todos os brasileiros tenham direito a uma das duas possibilidades: ensino médio profissionalizante ou ensino superior”, afirmou Haddad ao passar o bastão. Sinal dos tempos: em seu discurso de posse em 2003, Lula disse que estaria realizado se cada brasileiro conseguisse fazer três refeições por dia. Hoje, o povo não quer só comida. Debater a qualidade do ensino público é vital para o futuro do País. Numa metrópole como São Paulo, em que o tráfico de drogas desafia as autoridades não apenas na Cracolândia, mas também nas escolas e no campus da USP, a educação ganha status de segurança pública nos debates. Haddad já está em campanha. Que venham os concorrentes.