DINK. Eis a sigla, em inglês, para ?double income, no kids?. Em português: dois salários, sem filhos. São os homossexuais de poder aquisitivo elevado, membros de um novo conceito de família que, aos poucos, impõe seu modo de vida à sociedade. Eles são elegantes, vaidosos e cultos. Costumam dar festas todos os finais de semana. Consomem uma caixa de champanhe por mês. Formam a elite gay. Até pouco tempo atrás eram associados a estereótipos de mau gosto e preconceituosos. É um rótulo que desaparece ? nos Estados Unidos, inicialmente, como em quase todos os fenômenos de comportamento, mas também em países como o Brasil, ainda que timidamente. A explicação: esse grupo de luxo é um atraente filão de mercado. De acordo com a agência americana Advertising Age, os gays representam mais de 10% da população urbana dos Estados Unidos. Gastam cerca de US$ 514 bilhões por ano. Em todas as grandes capitais mundiais, os homossexuais são identificados como consumidores especiais: têm alto nível de escolaridade, ganham cerca de 15% a mais que a média dos trabalhadores e esbanjam dinheiro com carros, viagens, programas culturais, jantares em restaurantes, bons vinhos e roupas de grife.

Consumidores exigentes, de estilo, começam também a despertar a atenção da indústria. Em países europeus e nos EUA, há um universo de produtos e serviços direcionados para este nicho. São hotéis, restaurantes, agências de turismo, cruzeiros marítimos, empreendimentos imobiliários, cartões de crédito e editoras. Há também companhias globais que já anunciam em revistas especializadas, como é o caso de Ford, Volkswagen, Mazda, Absolut, Lancôme e Puma. Seus logotipos já foram estampados em publicações como a Gay Times e a simpatizante Interview.

No Brasil, o preconceito ainda é grande e os homossexuais são pouco assediados pelos vendedores. Mas novos ventos estão soprando. No último dia 21 de setembro, o parque aquático Wet?n?Wild, no interior de São Paulo, abrigou um dia inteiramente dedicado aos gays. A iniciativa é do Bureau de Negócios GLS de São Paulo, do qual fazem parte cinco sócios: Fernando Estima, dono de uma agência de relações públicas; Franco Reinaudo, proprietário da operadora de turismo Álibi; Zita Johnson, diretora de uma consultoria de treinamento empresarial; Laura Bacellar, diretora da Edições GLS (braço da Summus para o mercado gay) e Almir Nascimento, que faz eventos de gastronomia. Não têm do que reclamar. A Álibi dobrou seu faturamento em R$ 1 milhão a cada ano desde 1997. ?Atendemos um público seleto, que não deixa de viajar na crise?, diz Reinaudo. ?São consumistas e gostam de gastar com eles mesmos.?