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MONTE, PRESIDENTE: R$ 120 milhões em caixa para investir até 2010

 

O varejo de alimentos no Brasil é dominado por potências como a francesa Carrefour, a americana Wal-Mart e a brasileira Pão de Açúcar. Em um segmento no qual o faturamento é medido na casa das dezenas de bilhões de reais é de se imaginar que não haja espaço para operações de médio porte, com atuação restrita a uma pequena faixa geográfica e cujo nome é praticamente impronunciável. Certo? Não é o que acontece. No ranking da Associação Brasileira de Supermercados quem desponta na 10ª posição é a Cooperativa de Consumo (Coop). A rede fechou o ano passado com receita de R$ 1,03 bilhão e a expectativa é avançar 9% em 2007. Sua área de influência é o ABC, região que concentra uma expressiva fatia do Produto Interno Bruto (PIB) de São Paulo. E é de Santo André que Antonio José Monte, presidente da Coop, comanda a empresa que nasceu em 1954 como uma central de compras dos funcionários da Rhodia. Daí o nome de batismo CooperRhodia, abolido em 1999. Hoje a Coop possui 1,33 milhão de cooperados. Ou donos, como prefere o executivo. O tamanho e a posição estratégica (ela domina 28% do mercado do ABC) despertaram a cobiça das rivais. “Com exceção do Wal-Mart, todas as grandes redes já tentaram nos comprar”, conta Monte. As negociações nunca chegaram a bom termo. Até porque, na prática, seria preciso conversar com todos os associados.

Apesar da trajetória de sucesso, Monte sabe que não pode descuidar. Afinal, os rivais Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart avançam velozmente sobre a região dominada pela Coop. Para reforçar as defesas, o executivo pretende investir R$ 120 milhões no período 2007-2010. Os recursos serão usados na ampliação de 23 para 53 do número de pontos-de-venda. Parte da verba servirá, ainda, para dar vida a duas novas bandeiras: Coop Zapt e Coop Empório. A primeira atenderá as classes B, C e D, enquanto o foco do Empório será o topo da pirâmide. A Coop segue a trilha do que está sendo feito pelo Pão de Açúcar, por exemplo, que acaba de lançar a marca ExtraPerto para lojas de vizinhança. Cada Coop Zapt e Coop Empório terá uma área de vendas de até 1 mil m2, com sortimento de quatro a seis mil itens nas gôndolas. As lojas atuais possuem metragem entre quatro e seis mil m2 e trabalham com 23 mil itens. A idéia é fazer dessas grifes uma espécie de satélites da rede atual e nas praças onde a Coop pretende fincar sua bandeira até 2010. “A expansão se dará para cidades com mais de 100 mil habitantes, situadas num raio de 200 quilômetros de Santo André”, adianta.

Esse plano, de acordo com os analistas, embute alguns riscos. É que ao ampliar seu leque de ação (hoje 70% das lojas estão no ABC) e aderir a novos formatos, a direção da Coop pode perder algumas de suas vantagens competitivas. “Eles souberam gerir um modelo de negócio baseado em ganhos de escala proporcionados pela concentração em uma região de bom poder aquisitivo”, opina Claudio Felisoni de Angelo, coordenador-geral do Pró-Varejo da Universidade de São Paulo. O presidente da Coop, por sua vez, se diz confiante. Segundo ele, a força da empresa deriva de dois fatores: preço baixo e fidelidade dos cooperados – que precisam apenas preencher uma ficha cadastral para ter acesso às gôndolas da Coop. Cerca de 65% compram regularmente. A média do setor, segundo Angelo, é de 60%. Resta saber se a fidelidade sobreviverá ao aumento da oferta na região do ABC.

 

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