24/03/2004 - 7:00
Que tal morar numa casa de R$ 200 mil, perfeitamente blindada e com iluminação de fazer inveja aos mais belos monumentos? Eis a futura morada do peixe Lion, do Yellow Tang e de um mini-tubarão, os novos animais domésticos do empresário paulista Walter Mochny, de 37 anos. O aquário-mansão como o que Mochny está construindo é a nova onda entre os executivos brasileiros. É o casamento do prazer com os bichos e a decoração. Não há como evitar espanto diante de caixas de vidro que chegam a ter três metros de comprimento por um de altura. ?Quando meu tubarão já estiver grandinho para o aquário, soltarei o bicho em seu habitat natural?, promete Mochny, mergulhador contumaz e amante das coisas da natureza. O fascínio pelas peças gigantes produziu um novo tipo de profissional ? são os especialistas em construí-los e adaptá-los às residências dos endinheirados. É o caso de Leandro Troiano, dono da loja Hobby Fish, de São Paulo, empresa que projeta os aquários em parceira com arquitetos e ainda cuida da manutenção. ?É preciso conhecer as necessidades de cada peixe?, diz Troiano. ?Com os corais, a água deve ser perfeitamente equilibrada em elementos como o cálcio, o iodo e o oxigênio?.
A explosão dos aquários impôs, evidentemente, uma busca maior por espécies raras ? peixes exóticos, multicoloridos e grandes o suficiente para não se perderem na imensidão cristalina. Há, desde já, os campeões de procura. Um deles é o Purple Tang, que só existe no Mar Vermelho. Outra estrela-do-mar é o coral Acrópora, espécie dos oceanos Índico e Pacífico. Eles chegam a custar R$ 4 mil. É regra: quanto mais caros, mais comentados, tal qual os Porsches que ocupam as garagens dos milionários. Mas há uma exceção: o peixe palhaço Ocelaris do filme Procurando Nemo, vencedor do Oscar de animação deste ano, vendido a R$ 100, em média. Em todas as faixas de preço há um ponto a uni-los: os cuidados, tão especiais como aqueles destinados aos cachorros de raça.
Eles são tratados nas chamadas fazendas marinhas, dotadas de
infra-estrutura que permite a produção de alimentos de alta qualidade, além de tecnologia de ponta para a reprodução dos bichanos. Se o peixe é encomendado no ORA, a fazenda marinha mais famosa do mundo, no estado da Flórida, nos Estados Unidos, ele desembarca no Brasil com um acompanhante, um biólogo. O profissional trata de checar e acompanhar as horas de vôo do animal. No desembarque, cuida do ?jet-leg? do peixe. ?Em todo o mundo só existem aproximadamente vinte fazendas marinhas desse gênero?,
diz William Sugai, dono da EPS6, importadora paulista. A sorte
desses peixes é que, ao chegar por aqui, terão a disposição magníficos hotéis cinco estrelas.