17/09/2024 - 17:58
Em baixa após dois leves ganhos consecutivos, o Ibovespa convergiu nesta terça-feira, 17, para os 134 mil pontos, nível que prevaleceu em sete dos últimos oito fechamentos desde 6 de setembro, vindo então dos 136,5 mil no dia anterior. O longo intervalo de restrita variação tende a terminar na quarta-feira, com a deliberação sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil.
Em Nova York, os ajustes nesta véspera de decisão foram também contidos, entre -0,04% (Dow Jones) e +0,20% (Nasdaq) no fechamento. Por aqui, o Ibovespa caiu 0,12%, aos 134.960,19 pontos, com giro limitado a R$ 16,3 bilhões na sessão. Na semana, o índice sobe 0,06% e, no mês, cede 0,77%. No ano, avança 0,58%.
Na B3, as principais blue chips se alinharam em baixa, com destaque para Petrobras (ON -0,61%, PN -0,46%) na contramão do sinal do petróleo na sessão. Com a retomada de tensões no Oriente Médio após a explosão de pagers, nesta terça-feira, usados por membros do Hezbollah no Líbano – em ataque possivelmente cibernético atribuído a Israel -, tanto o Brent como o WTI seguem acima de US$ 70 por barril.
Entre os carros-chefes do Ibovespa, Vale (ON -0,48%) também cedeu terreno, assim como os grandes bancos, com Bradesco (ON -0,72%, PN -0,65%) à frente. Na ponta perdedora do índice, CSN Mineração (-2,82%), Braskem (-1,87%) e Embraer (-1,61%). No lado oposto, Azul (+13,84%), Petz (+3,74%) e Cogna (+2,76%). Da mínima à máxima do dia – correspondente ao nível da abertura -, o Ibovespa oscilou hoje menos de mil pontos, na faixa de 134.180,34 a 135.118,07.
“Todos estão no aguardo das decisões do Fed e do Copom. Fed pode vir amanhã mais agressivo, com um corte de 0,50 ponto porcentual, o que animaria as bolsas americanas. Por aqui, há uma incerteza maior para o Copom: há até quem espere manutenção da Selic, e aposta majoritária de aumento de 0,25% amanhã. Expectativa por juro doméstico maior manteve Bolsa em baixa hoje, puxada por Vale e Petrobras. Por outro lado, o dólar seguiu em queda com essa expectativa por Selic maior, que atrai fluxo externo especialmente para a renda fixa com a arbitragem de juros”, aponta Keone Kojin, economista da Valor Investimentos.
O juro básico da economia brasileira deve encerrar janeiro de 2025 a 12% ao ano, segundo estimativa dos economistas do BTG Pactual, liderados pelo economista-chefe do banco, Mansueto Almeida. A informação consta do BTG Pactual Macro Research de setembro, reporta o jornalista Francisco Carlos de Assis, do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).
“Setembro se inicia com a expectativa pelo início de novo ciclo de aumento da taxa de juros, nas próximas quatro reuniões do Banco Central, o que na nossa visão significa aumento da taxa Selic para 12% ao ano em janeiro do próximo ano. Sem dúvida, é notícia ruim, dado que o Brasil vai iniciar novo ciclo de aumento de juros em momento no qual os EUA cortarão sua taxa básica e a União Europeia deve continuar seu ciclo de afrouxamento monetário”, observam os economistas do BTG.
A expectativa por mais juros no Brasil e por menos juros nos Estados Unidos tem resultado em apreciação do real frente ao dólar nas últimas sessões: na mínima de hoje, a moeda americana foi negociada à vista a R$ 5,4790 e, no fechamento, mostrava baixa de 0,41%, a R$ 5,4882.
“Mercado voltou a operar em compasso de espera para a ‘super quarta’ de decisões sobre juros, nos EUA e no Brasil. Cresceu a expectativa por um corte maior do Fed amanhã, de 0,50 ponto porcentual prevalecendo sobre a aposta de 0,25 ponto. Se vier mesmo esse corte maior, de meio ponto amanhã, estimula fluxos para mercados emergentes como o Brasil. Apesar de recuperação em alguns papéis, a Bolsa aqui se mantém lateralizada à espera dessas definições do Fed e do Copom”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.
“Amanhã tende a ser um dia bem volátil, então o mercado opta por reduzir risco enquanto as decisões sobre juros não vêm”, diz Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, acrescentando que o “fluxo vendedor” prevaleceu hoje, ainda que discretamente na Bolsa, enquanto a curva de juros, assim como o real, mostra avanço na expectativa por um diferencial maior entre as taxas de referência do Fed e do BC brasileiro.