19/03/2008 - 7:00

APÓS AS DENÚNCIAS DE GASTOS INDEVIDOS no governo, os cartões corporativos ganharam o hall da fama. O motivo não é um dos mais nobres, mas quem não conhecia o produto agora sabe direitinho o que ele pode fazer. Escândalos à parte, o plástico é uma útil ferramenta de controle de gastos. Muitas empresas de grande porte são adeptas dele e conseguem, por meio de uma política de uso rígida, torná-lo um bom aliado contra despesas ?extras?. Se você possui o seu, fique atento às regras do jogo, para evitar situações desconfortáveis no trabalho. Mas se o plano é implantá-lo em sua empresa, crie boas normas de utilização e comprove se eles podem, inclusive, trazer boas economias.
O plástico é geralmente usado em viagens de trabalho e compromissos que exijam gastos do funcionário. Patrocinar e controlar tudo isso não é tarefa fácil. ?A prestação de contas com nota fiscal não-eletrônica é um risco para a empresa, pois pode ser adulterada?, explica Walter Teixeira, da TX Consultoria, especializada em eventos corporativos. Com os cartões, não. Cada funcionário recebe sua fatura e presta contas do que gastou, apresentando as notas automáticas. ?Com o cartão, há a transparência necessária para fiscalizar o que se gasta e onde se gasta?, pondera Teixeira. Mas não é só a saída de caixa que conta. Segundo a Associação Brasileira dos Gestores de Viagens Corporativas (Abgev), o uso do cartão pode fazer uma empresa poupar 15% de seu orçamento com viagens de trabalho e compromissos de representação. ?A economia vem do controle?, diz Alberto Martins, diretor executivo da entidade.
Mas a estratégia só dá certo se a política de uso da empresa for seguida à risca e se houver um gestor no comando para controlar o fluxo do orçamento. Cada companhia define o que pode ou não ser pago com o cartão (leia quadro). Na norte-americana Cargill, além dos gastos com viagens de trabalho, o cartão arca com despesas médicas e remédios. ?Há um seguro de saúde embutido no cartão que oferece cobertura completa durante a viagem?, explica Patrícia Thomas, gestora de viagens da empresa. Lá, todos os funcionários que viajam com freqüência ou possuem compromissos com representação, recebem um cartão. O sistema foi implantado há dez anos e hoje mais de dois mil funcionários possuem seu próprio plástico. ?Além das faturas, também recebemos relatórios de gastos das administradoras de cartão, apontando quais serviços geram mais despesas?, comenta Patrícia.

Apesar de empresas privadas serem bem menos complacentes que o governo quando se trata de ?comprinhas? extras, a malandragem ainda existe. Mas não se esqueça: o deslize pode custar caro. ?Basta uma compra não justificada e a empresa pode demitir o funcionário por justa causa?, explica a advogada Simone Kamenetz, da Kamenetz e Haimenis Advogados Associados. De acordo com o artigo 168 do Código Penal, o uso indevido do plástico corresponde ao crime de apropriação indébita (sem merecimento). E, se o ?pequeno? delito vier acompanhado de uma nota fiscal forjada ou adulterada, é crime de estelionato. ?Felizmente, as empresas são mais rígidas que o governo?, conclui Simone. A punição, segundo o mesmo Código Penal, serve para qualquer civil. Será mesmo?