As formigas são insetos que trabalham incansavelmente para armazenar comida. Fazem essa tarefa de forma organizada, onde cada uma delas exerce uma função claramente definida. Sozinhas, elas não têm força. Juntas, formam uma das mais complexas sociedades do reino animal. Essa pode ser uma descrição possível do setor de franquias brasileiro.  No ano passado, o número de redes em operação no País avançou 12,9%, para 1,8 mil marcas.

 

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A quantidade de lojas (próprias ou franqueadas) atingiu 86,3 mil unidades, um crescimento de 8% sobre o ano anterior. Se fossem contadas isoladamente, cada franquia seria como uma formiga longe do formigueiro. Mas graças ao trabalho incessante de 777 mil pessoas que trabalham na área, o setor faturou R$ 75,9 bilhões em 2010, alta de 20,4%, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF). 

 

Caso fosse consolidado numa única empresa, seus resultados só seriam inferiores aos registrados nos balanços da Petrobras e da Vale. Mais: a ABF estima que as franquias devem expandir-se, em 2011, num ritmo superior em mais de três vezes ao do PIB brasileiro, que pelas estimativas do governo se elevará em pelo menos 4,5%. “Já somos o quarto país do mundo em número de marcas e o sexto no total de unidades”, diz Ricardo Camargo, diretor-executivo da associação, que organiza a ABF 2011 nesta semana. 

 

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Ricardo Camargo, da ABF: setor de franquias no Brasil cresce em um ritmo mais de três vezes maior do que o PIB 

 

Para Camargo, não há no horizonte nenhum sinal de que o setor de franquias brasileiro possa se desacelerar. Ao contrário. “Tivemos um primeiro trimestre de 2011 bastante forte”, afirma Camargo. Os investimentos estão acontecendo em todas as áreas. O grupo Ipiranga, por exemplo, abriu 52 lojas das marcas Jet Oil, Jet Oil Motos e AM/PM, nos três primeiros meses deste ano. A tradicional fabricante de roupas íntimas Hope vai dobrar o número de franquias em 2011. 

 

No ano passado, a empresa paulista tinha 55 lojas nesse sistema. O objetivo é acrescentar 60 novos franqueados em 2011. Apesar de ainda estar concentrado nas áreas de alimentação e de vestuário, cada vez mais o setor de franquias brasileiro se diversifica. “Atualmente, você encontra franquias em virtualmente qualquer segmento”, diz André Fiedheim, sócio-diretor da Francap,  consultoria paulista especializada em franchising. Há desde clínicas odontológicas e de fisioterapia até academias especializadas para quem tem problemas de coluna, passando por lojas de piscinas, como a Igui, que de 17 unidades, em 2009,  fechou 2010 com 351. 

 

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A grande tendência, no entanto, são as microfranquias. Esse conceito ganhou força nos últimos três anos. Trata-se de franquias em que o investimento inicial do empreendedor é muito mais baixo, quando comparado com as franquias tradicionais. Em geral, os gastos para começar um empreendimento não ultrapassam a R$ 50 mil. Nesse caso, as áreas de atuação vão desde chaveiros até serviços domésticos em geral, a exemplo do Dr. Resolve, que atua no setor de reformas e reparos. No ano passado, esse modelo de franquias cresceu 25%, segundo dados da ABF. 

 

Outra novidade é a interiorização das lojas franqueadas,  em razão da abertura de shoppings centers em médias e pequenas cidades brasileiras. Isso tudo não significa que as áreas pioneiras ficaram para trás. Ao contrário, as tradicionais franquias de alimentação são justamente as que mais ganham musculatura. Em 2010, o volume de negócios das redes de alimentação, que contam com 12 mil lojas em operação, atingiu R$ 15,2 bilhões, 39,9% a mais do que o ano anterior, e o equivalente a cerca de 20% do movimento de todo o setor de franquias. Outro destaque foi o setor de acessórios pessoais e calçados. Com 4,2 mil pontos de vendas franqueados, o faturamento cresceu 29,9%, o segundo melhor desempenho de 2010. Em seguida, ficou o setor de vestuário, com expansão de 29%. 

 

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