05/09/2007 - 7:00
A história de contos de fadas já é para lá de conhecida: a empresária (e fada madrinha) de bom gosto e rica resolve, num dado momento, se aliar a um estilista desafortunado para abrir uma loja e transformar luxo em dinheiro. No sonho (quase) encantado, tudo parece caminhar bem, mas os meses passam, o retorno não aparece, os humores mudam e a ?magia? vai por água abaixo. Dois anos atrás, a empresária Kátia Grubisich, 47 anos, tentou trilhar esse caminho ao se associar a Rogério Figueiredo (o ?queridinho das primeiras-damas?), estilista adorado por algumas celebridades e mulheres de políticos. Ela abriu uma loja de vestidos de festa com o costureiro na região nobre dos Jardins e investiu R$ 3 milhões no negócio.
Entretanto, formaturas e casamentos não acontecem todos os dias ? nem mesmo em histórias de Cinderela. O giro da operação ficou abaixo do esperado, o negócio não deslanchou e, em janeiro, a parceria chegou ao fim. Com a sociedade desfeita, Kátia resolveu, então, tirar da cartola um antigo plano: a venda de coleções exclusivas de estilistas mineiros em São Paulo. ?Agora a conversa é outra?, diz Kátia, mulher de José Carlos Grubisich, presidente da Braskem.
R$ 3 MIL é o preço máximo de um modelo de roupa na nova loja
Desta vez, a empresária quer vender de tudo um pouco, sem abrir mão da qualidade. Nas araras estarão dispostos de camisetas brancas e jeans a vestidos de festa, com preços que variam de R$ 80 a R$ 3 mil. Cada uma das seis marcas de Minas Gerais (entre elas, algumas tradicionais como Vitor, Coven e Printing ) estará à venda em áreas separadas num espaço de 450 metros quadrados. Serão vendidos ainda produtos da Serpui Marie (famosa pelas bolsas que caíram no gosto de Madonna e Jennifer Aniston) e da Emporium K, a marca de Kátia, que dá nome à nova loja.
?Queremos que a cliente saia da loja vestida da cabeça aos pés?, diz Kátia.
?Antes [quando era sócia de Figueiredo], a gente só vestia a cliente de festa. Aí me falavam: ?Pode deixar, quando tiver uma festa grande vou lá?. E dá para viver só de festa? Não dá?, afirma.
Foi investido R$ 1,5 milhão no projeto, que precisou de seis meses para sair do papel. A loja dos Jardins, na rua da Consolação, onde eram vendidas as criações de Figueiredo, foi repaginada e já há um novo plano em andamento. A empresária quer colocar no piso superior, de 350 metros quadrados, novas marcas mineiras de roupas, um filão de mercado que Kátia acompanha há anos. A meta é dobrar o número atual de estilistas até meados de 2008. Se o projeto avançar, será um dos casos raros de sucesso na parceria entre estilista sem capital e investidor abonado. Em 2004, Sandra Habib, mulher do presidente da Citroën no Brasil, aplicou R$ 15 milhões na abertura de sete lojas com Ocimar Versolato. Um ano depois, a sociedade foi rompida. Ela diz que ?tirou um peso das costas?. Ele diz que ?ela não entendia nada de business?. No dia em que Sandra e Versolato desfizeram o negócio, os Grubisich e Figueiredo almoçavam para celebrar a parceria ? desfeita depois. ?O mercado muda muito mesmo. Mas há sempre espaço para gente competente?, diz Rosângela Lyra, da Associação de Lojistas da Oscar Freire. É nisso que Kátia aposta.